- 44% dos bancos negam crédito para pessoas com renda inferir a cinco salários mínimos;
- As pessoas que possuem uma renda mensal superior a R$ 5.500 tem uma média de negação de 18%;
- O cartão de crédito é uma espécie de “passaporte” para conseguir empréstimos;
O Serasa divulgou um levantamento que mostra a diferença na contratação de crédito no Brasil entre as camadas sociais. A pesquisa aponta que 44% das instituições financeiras negam empréstimos, financiamentos e outras concessões financeiras para pessoas de baixa renda.
A pesquisa do Serasa foi divulgada na quarta-feira (27) e mostra que 44% dos bancos negam crédito para pessoas com renda inferir a cinco salários mínimos. Com isso, fica evidente que as pessoas de baixa renda encontram dificuldade para ter acesso a empréstimos ou financiamentos.
Segundo o cofundador da Opinion Box (empresa responsável pela pesquisa), Felipe Schepers, as pessoas de baixa renda são as que mais buscam as concessões financeiras.
As pessoas que possuem uma renda mensal superior a R$ 5.500 tem uma média de negação de 18%, mostrando que o país tem uma desigualdade social nesse setor.
“O processo de democratização sob as concessões de crédito está acontecendo, mas ainda não é algo uniforme para todas as classes”, disse Schepers durante coletiva de imprensa para a divulgação do levantamento.
Schepers afirma que as pessoas que ganham uma renda maior conseguem ter acesso a mais oportunidades de concessões financeiras devido à renda e a possuírem cartão de crédito. Segundo ele, o cartão de crédito é uma espécie de “passaporte” para conseguir empréstimos.
O grande problema é que a pose do cartão de crédito nas classes C, D e E é menor do que nas classes mais altas. Esse cenário só dificulta, ainda mais, a concessão de empréstimos para as famílias brasileiras mais pobres.
Motivos para a negação de crédito
De acordo com a pesquisa do Serasa, 40% foi em razão da renda baixa e 35% por nome em situação de inadimplência. Além disso, 28% dos cidadãos que solicitaram o empréstimo não chegaram a ter uma resposta da instituição financeira.
A pesquisa também apontou que 63% dos brasileiros utilizou o empréstimo para a retomada econômica durante a pandemia. Além disso, 79% das pessoas entrevistas afirmaram que precisaram utilizar algum tipo de crédito durante o período de calamidade pública.
O levantamento foi feito com 2.068 pessoas, sendo que desse quantitativo, 62% afirmaram usar o cartão de crédito para comprar durante a pandemia. Entre os itens adquiridos, os principais foram produtos de higiene pessoal e alimentos.
Taxas mais altas
A quantidade de empréstimos e financiamentos solicitados aumentou durante o período de pandemia. Apesar disso, os consumidores reclamam da alta nas taxas de juros.
Em nota ao Correio Braziliense, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) explica que a causa do aumento das taxas é o alto risco de inadimplência.
Sendo assim, quanto maior o risco maior é a taxa de juros aplicada no valor concedido. Para o Senacon, é normal que os juros aplicados nos empréstimos sejam superiores aos pagos nos investimentos que têm a Taxa Selic como parâmetro.
Segundo o Senacon, o crescimento de bancos digitais que oferecem empréstimos e financiamentos é uma das soluções para diminuir as taxas de juros. Dessa maneira, com o crescimento da concorrência os consumidores tendem a se beneficiar com a oferta de juros menores.
Expansão dos Bancos digitais
Mesmo com a expansão dos bancos digitais no Brasil, o mercado de concessões financeiras ainda é centralizado em cinco grandes bancos. Esses, segundo a gerente da Serasa, Amanda Rapouzo, concentram 79% das concessões.
Para piorar esse cenário, nos últimos dois anos, mesmo com o aumento de bancos digitais, a concentração reduziu apenas 2%. É esperado que essa situação melhore nos próximos anos, já que muita gente começou a usar os bancos digitais durante a pandemia, quando não puderam ir as agências.
Em nota, a Senacon afirma que os serviços bancários oferecidos pelos bancos digitais tem um custo mais baixo, já que esses trabalham de forma digital. Além disso, essas instituições oferecem praticidade no atendimento virtual, o que está atraindo muitos consumidores.
Para as pessoas de baixa renda há a oferta de linhas de crédito especiais oferecidas pelo Governo Federal. Sendo assim, há a oferta de “programas sociais como: Casa Verde e Amarela, FIES, entre outros que utilizando taxa de juros inferiores aos que são praticados no mercado”, diz a Senacon.