O mais recente relatório sobre inflação divulgado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta que o Brasil possui umas das maiores inflações do mundo. Entre os países do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias, o Brasil só apresenta uma taxa menor que a da Turquia e a da Argentina.
O relatório considera a inflação acumulada nos 12 meses até março (ou seja, de abril de 2021 a março de 2022). Nesse período, a nossa taxa ficou em 11,3%, enquanto a da Turquia ficou em 61,1% (a maior do mundo) e a da Argentina em 55,1%.
A inflação da Rússia também tende a ser maior que a brasileira, mas não foi considerada no relatório da OCDE.
Outras grandes economias também apresentam índices altos e em aceleração, a exemplo dos Estados Unidos, que fechou 2021 com 7% de inflação (a maior em 40 anos) e apresenta agora 8,5% no acumulado de 12 meses até março.
O que é inflação?
A inflação reflete o aumento de preços na economia. Se a inflação é positiva, então os preços estão aumentando. A situação contrária, quando os preços diminuem, é chamada pelos economistas de deflação.
Há diversas formas de se calcular a inflação. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula dois índices de inflação que são considerados muito importantes.
Um deles é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que considera os preços de produtos básicos consumidos pelas famílias que recebem até 40 salários mínimos. É esse índice que se considera normalmente ao falar sobre o tamanho da inflação brasileira.
Outro índice importante é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que leva em conta os produtos consumidos pelas famílias que recebem até 5 salários mínimos. Ele é usado, por exemplo, para reajustar o salário mínimo.
O que causa a inflação?
A inflação, basicamente, reflete a relação entre a oferta de produtos e a demanda por eles. Mas uma série de fatores podem influenciar no seu comportamento.
Diversos especialistas apontam que a inflação atual no Brasil não se deve a aumento de demanda, mas ao aumento do custo de alguns insumos, como combustível, energia elétrica, gás de cozinha, gás natural, fertilizantes e microprocessadores.
Outros dois fatores importantes são a guerra na Ucrânia, que está prejudicando a circulação de mercadorias, e condições climáticas desfavoráveis para os produtores brasileiros.
O que está ficando mais caro?
Diversos produtos estão ficando mais caros, mas dois grupos em especial pressionam a inflação para cima: alimentos e energia/combustíveis.
O encarecimentos dos alimentos preocupa sobretudo os mais pobres, que gastam com esses itens uma parte considerável da sua renda. A cenoura, o tomate, o açúcar, o café e as carnes são exemplos de alimentos que estão mais caros.
No grupo de energia/combustíveis, a gasolina e o etanol mais caros impactam diretamente quem dirige, enquanto a alta do diesel, que é usado no transporte de mercadorias, afeta indiretamente os consumidores. Ainda nesse grupo, a energia elétrica e o gás de cozinha também estão sofrendo grandes aumentos.