Por que várias fintechs estão passando por uma onda de demissões?

Na última semana, a fintech Warren, plataforma de investimentos, demitiu aproximadamente 7% do seu quadro de funcionários. Este caso se junta com as ondas de demissões recentes ocorridas nas fintechs Hash, Provi, Ebanx, Quanto, Bitso e SumUp. O que será que estes casos têm em comum?

O universo das startups

Uma startup pode ser definida como uma organização temporária em busca de um modelo de negócios repetível e escalável. Em outras palavras, é um projeto criado por um período temporário, no qual fazem validações, até o momento que o modelo de negócio é definido, testado e validado no mercado, momento que o projeto deixa de ser incerto e passa para outro patamar. 

Passada a fase de startup, teremos uma empresa com alto potencial de crescimento que terá outros desafios, alcançar novos mercados, estruturação de processos internos e muita contratação.

Estas empresas consumam criar novos produtos e serviços em condições de grande incerteza e, como mostra a boa e velha relação Risco x Retorno, atrai atenção de investidores, afinal de contas, pode trazer altos retornos. É por conta disso que muitas startups, mesmo antes de darem lucro, acabam recebendo grandes aportes.

Startups nascem, em sua maioria, com recursos escassos e, ao longo das validações, passam muitas vezes por períodos sem faturamento. Desta forma, surgem as alternativas de investimentos e financiamentos que “apostam” em seu crescimento, que vão desde o capital próprio dos sócios, até grandes investidores. Todos com o objetivo da valorização do negócio e rentabilidade do investimento realizado. É uma questão envolvendo o custo de capital.

Unicórnios, Zebras, Camelos e Valor

Em 2013 surgiu a expressão startup unicórnio. A ideia foi fazer um paralelo com algo muito difícil de se alcançar, semelhante à dificuldade de encontrar a criatura mística unicórnio: uma startup avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão, antes mesmo de abrir capital na bolsa de valores.

Mas afinal de contas, o que define o valor destas startups, fazendo elas alcançarem números tão expressivos muitas vezes antes de terem um cenário de lucro?

O valor de uma empresa é algo percebido. Existem várias técnicas de mensurar valor de uma empresa, como por exemplo o embasamento em fluxos de caixa projetados, com desconto de uma taxa que reflita os riscos envolvidos. A princípio, o cálculo de valor das startups deveria ser feito como o das demais empresas, porém as incertezas com relação ao seu futuro tornam o desafio mais complexo, mas, ao mesmo tempo, muito importante.

As startups zebras foram surgindo como uma espécie de contraponto aos unicórnios. A zebra foi escolhida justamente por se tratar de empresas que se remetem ao preto no branco: são empresas que buscam objetividade, promovendo lucro e melhorando a sociedade, sem precisar sacrificar um pelo outro. Ao invés da quantidade, este modelo busca a qualidade e a sustentabilidade. Ao invés de buscar o crescimento e o lucro a qualquer custo, opta-se pela prosperidade compartilhada.

Já o termo “startup camelo” foi criado em referência a este animal que se adapta aos vários climas, sobrevivendo sem comida ou água por meses e podendo correr rapidamente por períodos prolongados. Diferente dos unicórnios, são animais reais, resilientes e que sobrevivem em locais de grande dificuldade. Assim, estas startups priorizam a sobrevivência, com equilíbrio de crescimento e fluxo de caixa.

A Onda de demissões no mundo das startups

Grandes transformações estão acontecendo na economia e no universo das startups.O cenário econômico mundial já vem mostrando algumas fragilidades e o cenário de incertezas envolvendo as startups fica ainda maior.

Até pouco tempo atrás o acesso ao capital estava mais fácil, e assim as startups podiam manter um ritmo acelerado o tempo inteiro, acreditando que a fonte de dinheiro seria quase inesgotável.

Isso acabou gerando um grande dano colateral quando foi necessário frear rapidamente, como exemplo trazendo a necessidade de demissões em massa e a redução das despesas, para que elas conseguissem aumentar o seu Runway (métrica usada para saber o quanto de dinheiro ainda possui até a necessidade de entrada de novos recursos).

O principal ponto defendido por várias destas empresas e por especialistas é a revisão das projeções por parte das empresas. Com o momento atual de cautela e aumento das taxas de juros pelo mundo todo. Com o novo custo de capital, ajustes estão sendo necessários.

O que se percebe, cada vez mais, neste cenário de transformações, é uma nova preferência não mais pelas empresas que crescem a qualquer custo, mas sim pelas que crescem de forma sustentável.

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Victor BarbozaVictor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.
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