Afinal, ativos ruins podem ser bons investimentos?

Vocês já devem estar cientes da nossa obsessão (justificada) por Charlie Munger, conhecido principalmente por ser o vice-presidente do Berkshire Hathaway e o parceiro de investimentos de longa data de Warren Buffett

Ele é famoso por sua sabedoria mundana e conhecimento específico em investimentos, possuindo algumas histórias curiosas em sua carreira que valem cada palavra a ser explorada. 

Elas, sobretudo, têm um potencial incrível de nos traduzir, com analogias simples e diretas, algumas das maiores lições do complexo mundo dos investimentos. Assim, Munger é um daqueles tipos que dominou tanto um assunto a ponto de simplificá-lo com a maestria que somente os gênios de suas áreas conseguem fazer.

Uma dessas histórias curiosas envolve a compra da Wesco Financial Corporation por parte do Berkshire Hathaway. Basicamente, a Wesco Financial era uma pequena companhia de investimentos que Munger conhecia a fundo e acreditava ser muito subvalorizada. No entanto, quando a Berkshire fez uma oferta para comprá-la, muitos dos seus acionistas ficaram céticos e colocaram em xeque a sanidade de quem defendia a aquisição do ativo.

O braço direito de Warren Buffett, no entanto, estava convencido de que era uma oportunidade de investimento excepcional e decidiu fazer uma apresentação detalhada para explicar porque eles deveriam dar um voto de confiança no alvo traçado pela holding da dupla.

Durante a apresentação, ele usou uma metáfora inesperada para ilustrar o valor da Wesco Financial Corporation: comparou a empresa a um porco sujo, mas barato, e que poderia se tornar ainda mais valioso se fosse alimentado e cuidado de forma correta.

A metáfora do porco sujo e barato acabou sendo uma analogia perfeita e os acionistas acabaram votando a favor da compra. E, como era esperado pelo segundo homem de cabelos brancos mais conhecido da Berkshire, a Wesco tornou-se um investimento muito rentável para a companhia.

A primeira lição que devemos tirar dessa história é a de que praticamente qualquer ativo, seja ele mal gerido, posicionado, alvo de interferências políticas e outros riscos muito específicos (poderia tomar intermináveis linhas descrevendo outras causas afugentadoras de capital), pode representar um bom investimento se comprado a um preço atrativo.

Em resumo, e utilizando outro exemplo comum, até mesmo o terreno mais mal localizado da sua cidade deveria ligar o seu sinal de barganha por menos de uma dezena de milhares de reais. Preço importa, e deve importar tanto a ponto de ter capacidade de justificar investimentos que podem ser considerados “fora da caixa”.

Adicionalmente, podemos tirar dessa história que muitos investimentos que não são atraentes à primeira vista podem mudar esse panorama se forem tratados de forma adequada. Nessas ocasiões, aquisições baratas ainda podem ser aliadas com transformações positivas nos ativos.

No preço certo, o investimento em um ativo que tende a continuar sendo problemático já pode ser bastante rentável ao comprador, mas um potencial inigualável de rentabilidade pode ser atingido se houver um esforço adicional para arrumar a casa.

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