Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada superou a variação do Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI), a principal referência para investimentos de renda fixa no país. No período, o aumento dos preços ficou 70% acima das aplicações mais conservadoras. A informação foi levantada pelo Valor.
No intervalo de maio do ano passado e abril deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) elevou 12,13%. O CDI, por sua vez, registrou aumento de 7,13% no mesmo período.
A partir de março do ano passado, o Banco Central passou a aumentar a Selic. A taxa básica de juros saltou de 2% ao ano para os atuais 12,75%. Foram realizados dez aumentos consecutivos na taxa.
Ao aumentar a taxa Selic, o Banco Central tem o objetivo de controlar a elevação dos preços. Com os juros acima da inflação, a ideia é que a população deixe de consumir — e destine mais dinheiro para os investimentos. Diante da menor demanda de produtos e serviços, o preço tende a se estabilizar.
A taxa Selic possui relação direta com o CDI. Atualmente, não há diferença entre os dois indicadores. Desde março de 2018, a variação mensal da taxa Selic é igual ao CDI.
Mesmo em meio às altas na taxa Selic, a inflação vem apresentando sinais de resistência. Nos últimos três meses, a variação do IPCA ficou em nível maior que 1% ao mês.
Inflação torna diversos investimentos ‘mau negócio’
Sendo assim, o ritmo de aumento do CDI tem sido abaixo da elevação do IPCA. Este cenário recente impacta diretamente os investimentos.
Em dez dos últimos 12 meses, o ganho mensal com aplicações atreladas ao CDI foi abaixo da inflação. Os únicos meses com vantagem do CDI para a inflação foi em dezembro de 2021 e janeiro de 2022.
De forma geral, os investimentos mais conservadores perderam para a inflação nos últimos meses. Dentre as aplicações de renda fixa que se encontram neste cenário, estão a poupança, Tesouro Selic, CDB que rende 100% do CDI e fundos de renda fixa de baixa duração, por exemplo.
Também houve investimentos de renda variável que performaram abaixo da variação da inflação no período. Por exemplo, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, teve desempenho negativo no acumulado dos últimos 12 meses até abril.