A partir de terça-feira (3), os servidores do Banco Central retornarão a greve iniciada em 1º de abril e suspensa no dia 19. A decisão foi tomada em assembleia deliberativa realizada na última sexta (29) e aprovada pela ampla maioria dos servidores presentes, de acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).
O retorno da greve se deve à insatisfação dos servidores com o reajuste pretendido pelo governo federal, de 5% para todas as categorias, muito distante do que é pedido por eles. Os funcionários do BC pedem reajuste de 27%, o que seria suficiente para repor as perdas com a inflação desde a última revisão salarial, ocorrida há três anos.
Também há reivindicações não salariais, como a exigência de ensino superior para contratação de técnicos e a alteração da nomenclatura analista para auditor.
A mobilização da categoria começou ainda em dezembro do ano passado, logo depois que se tornou público o plano do governo de reajustar apenas os salários do setor de segurança (policiais federais e outros). As ações promovidas pelos servidores incluíram a chamada operação-padrão, quando as atividades são feitas de forma mais lenta e minuciosa, e paralisações diárias entre as 14h e 18h, até a greve ser iniciada em abril.
No dia 19, eles decidiram suspender a greve, como um “voto de confiança” ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, com quem chegaram a se reunir. As reuniões com a diretoria do BC, no entanto, foram frustrantes para os servidores.
Eles ouviram de Campos Neto e de diretores a reafirmação de que apenas o reajuste linear de 5% está sendo considerado, e a promessa de que, caso um reajuste maior seja concedido a alguma “carreira congênere”, a mesma medida será reivindicada para os servidores do BC.
Serviços prejudicados
Desde o início da mobilização dos servidores, alguns serviços do Banco Central vêm sendo prejudicados. É o caso de relatórios e indicadores econômicos, como o Boletim Focus, que apresenta a visão das instituições financeiras sobre a economia do país, e o relatório de poupança, que estão sendo divulgados, em sua maioria, com atraso.
O PIX, até agora, não foi prejudicado. Mas outros serviços digitais, como o Sistema Valores a Receber, sim. Uma segunda fase da consulta de valores esquecidos pela ferramenta estava prevista para começar nesta segunda (2), mas foi adiada e ainda não tem nova data.