Estudo da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) revela que os produtos da cesta básica ficaram 12,67% mais caros nos últimos 12 meses. Aumento é maior do que a inflação no período medida pelo IPCA, que ficou em 10,54% após a alta de 1,01% em fevereiro.
O estudo da universidade paranaense analisa a variação nos preços de 13 produtos básicos consumidos pela população brasileira. Seus primeiros resultados foram divulgados em setembro do ano passado. Naquela época, a inflação da cesta básica nos 12 meses anteriores tinha ficado em 15,96%, bem acima do IPCA registrado no mês (10,25%).
Essa situação mudou nos meses seguintes, com a variação do IPCA superando a variação da cesta básica. Apenas neste último resultado, referente a fevereiro de 2022, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor voltou a ficar abaixo da inflação da cesta básica.
No mês passado, o índice da PUC-PR registrou aumento de 2,02%, o que corresponde exatamente ao dobro do valor do IPCA em fevereiro (1,01%). A explicação para essa discrepância é que os dois índices analisam produtos diferentes.
Enquanto o indicador do IBGE analisa um leque mais amplo de produtos, refletindo a inflação em geral na economia, a cesta básica analisada pela PUC-PR é focada em produtos alimentícios. E foram justamente eles que apresentaram as maiores altas nos últimos meses.
Em fevereiro, todos os alimentos da cesta básica ficaram mais caros. Os destaques foram a batata-inglesa, com aumento de 23,49%, e o feijão-carioca, com avanço de 4,77%.
Considerando os últimos 12 meses, as maiores altas foram registradas no café em pó (61,19%) e no açúcar cristal (36,30%).
Os brasileiros de menor renda, que gastam a maior parte dos seus recursos em alimentos, são os maiores prejudicados com esse cenário.
A principal explicação para o encarecimento dos alimentos são as condições climáticas adversas. Enquanto algumas regiões tiveram chuva em excesso, outras passaram por períodos prolongados de secas. Em ambos os casos, a produção dos itens da cesta básica foi prejudicada.
Previsões desanimadoras
De acordo com Jackson Bittencourt, professor de Economia na PUC-PR e um dos autores do estudo, a previsão é de que situação fique pior nos próximos meses, especialmente devido ao conflito na Ucrânia. Como os resultados divulgados agora dizem respeito a fevereiro, eles ainda não registram os impactos da guerra.
O fluxo internacional de alimentos como trigo e soja está sendo prejudicado, o que afeta o preço de vários produtos, que vão do pão francês à carne. Além disso, a guerra também eleva o preço do petróleo e seus derivados, trazendo implicações para uma extensa cadeia produtiva.