Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 91 mil beneficiários do Auxílio Emergencial e Bolsa Família realizaram doações para o financiamento de campanhas eleitorais. Os dados foram identificados no relatório feito pelo Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral, e publicado na última terça-feira (22).
O relatório foi feito a partir do cruzamento de dados com mais seis órgãos federais: Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Ministério Público Eleitoral, Defensoria Pública, Tribunal de Contas da União e o Ministério da Cidadania.
De acordo com o relatório do Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral há indícios de irregularidades nas prestações de contas de candidatos e partidos que concorreram nas eleições municipais de 2020.
Segundo o TSE, foram identificados 221.355 casos de irregularidades o que gera R$ 954,7 milhões dos recursos financeiros e usado de forma indevida. Ainda, segundo o tribunal, a maioria dos casos, 91.500 incidências, foi de doações realizadas por beneficiários a candidatos.
Esses beneficiários que foram identificados estão inscritos em programas sociais como Bolsa Família ou Auxílio Emergencial. O valor das doações aos candidatos e partidos que concorreram nas eleições municipais de 2020 chega a quase R$ 77,5 milhões.
Em seguida, o relatório apresenta um redirecionado de R$ 612,6 milhões dos recursos destinados aos programas sociais para 45.780 fornecedores com sócios ou representantes e familiares que também recebem os benefícios.
Esse é, sem dúvidas, o maior indício de irregularidade identificado pela Justiça Eleitoral em relação ao valor repassado.
Além desses, ainda há 127.576 casos de doadores que trabalham em uma mesma empresa e que doaram recursos do programa para o mesmo candidato.
Segundo o TSE, essas doações somam R$ 37, 1 milhões. A Justiça Eleitoral está investigando a possibilidade de haver ameaças, pressão e chantagens dentro da empresa, usando o emprego como formar de coagir o eleitor.
Com esses dados, os juízes eleitorais irão poder realizar novas investigações, com o intuito de analisar as contas eleitorais dos candidatos. A ideia é identificar os candidatos corruptos e desabilitar esse tipo de operação.
Essas irregularidades foram encaminhadas à Procuradoria-Geral da República para as informações fossem apuradas. Em caso em que as suspeitas sejam comprovadas as medidas cabíveis serão tomadas e caberá representação judicial.