Mercadante bate o martelo sobre como o BNDES vai atuar no caso Americanas

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, disse que a instituição havia aberto uma linha de crédito para a Americanas S.A. avaliada em R$ 2,4 bilhões. Entretanto, mesmo com a crise financeira da varejista, o órgão de fomento econômico não corre nenhum risco à sua integridade.

Mercadante bate o martelo sobre como o BNDES vai atuar no caso Americanas (Imagem: FDR)

“Eles ainda tinham uma pendência de R$ 1,2 bilhão, mas o BNDES foi prudente, tinha carta de fiança que já foi executada, já foi paga. Nós não temos um real em risco com a Americanas”, apontou, em entrevista coletiva à imprensa, no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (15).

De acordo com o Mercante, o banco não tomará nenhuma decisão a respeito da companhia. Ele aponta que é de competência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central avaliar com rigor o que aconteceu com a Americanas.

“Inclusive porque os sócios principais têm um volume de capital bastante expressivo para aportar e salvar a empresa e, sobretudo, proteger os fundos de investimento, 40 mil trabalhadores e micro e pequenas empresas que são fornecedoras”, complementou.

Mercadante participou de reunião na sede do banco, no Rio de Janeiro, que reinstalou o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), na companhia das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Por fim, o mandatário do BNDES colocou que irá discutir com o Ministério da Fazenda e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a abertura de linha de crédito para os pequenos e médios fornecedores da Americanas, que seriam vítimas da (suposta) fraude.

“Era uma empresa em que havia muita fidelização no fornecimento e você tem que dar alternativa para não agravar a crise e essas empresas poderem continuar as suas atividades. Elas não têm nenhuma responsabilidade com a crise da Americanas. Elas foram vítimas. Os indícios de fraude no balanço são muito graves, estão sendo apurados. Vamos aguardar”.

Mercadante afirmou que BNDES não é “hospital de empresas”

Outro ponto enfatizado por Aloízio Mercadante é que o BNDES não vai voltar a ser um “hospital de empresas”. Ele deixou claro que o banco não tem a pretensão de concorrer com o setor privado. Dessa forma, o petista afirmou que a instituição tem como missão fundamental desenvolver novos mercados e atuar, sobretudo, onde o mercado não chega.

O presidente do BNDES também esclareceu que o banco não pode tratar uma pequena e micro empresa ou uma cooperativa de crédito do mesmo modo que vai tratar um projeto de infraestrutura de 35 anos. “São dois clientes totalmente diferentes, duas situações diversas e nós precisamos de instrumentos específicos”.

Mercadante encerrou a entrevista afirmando que o BNDES vai voltar a debater o Brasil, utilizando como inspiração o ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso.

“Não vai haver mais censura intelectual. Cada um pode ter a sua visão, a sua concepção. Nós queremos pluralidade e diversidade, mas vai debater Brasil e pensar no futuro”, concluiu.