8 em cada 10 desempregados há mais de 2 anos são das classes D e E

3,7 milhões de brasileiros estão desempregados há mais de dois anos, de acordo com levantamento da Tendências Consultoria Integrada. Desse total, pouco mais de 3 milhões, ou 81%, pertencem às classes D e E, que são aquelas com menor renda na pirâmide social brasileira.

O levantamento também demonstra como essa situação piorou ao longo dos últimos anos. Em 2014, considerado o último ano antes do atual ciclo de crise econômica, havia 1,2 milhão de brasileiros sem emprego formal há mais de dois anos. Desse contingente, 857,5 mil, ou 71%, pertenciam às classes C e D.

O crescimento dos números absolutos e da proporção dos mais pobres entre os desempregados indicam uma grave deterioração das condições de vida da população. Conforme a crise avança (estimulada pela pandemia e, mais recentemente, pela guerra na Ucrânia), milhares de postos de trabalho desaparecem e milhões de brasileiros vêem a sua renda diminuir.

Especialistas explicam que esse desemprego prolongado pode trazer consequências de longo prazo para os trabalhadores e para o país como um todo. Ao ficarem distantes dos empregos qualificados por muito tempo, os trabalhadores podem desaprender habilidades e ficar desatualizados, o que dificulta sua reinserção no mercado de trabalho e compromete os ganhos de produtividade da economia. Trata-se de uma perda de capital humano com potencial de impactar o crescimento econômico do país ao longo de vários anos.

Qual a solução?

Os analistas explicam que, para conseguir absorver uma massa de trabalhadores desocupados tão grande (cerca de 13 milhões, atualmente), a economia do país precisa crescer a taxas mais elevadas. Somente para absorver aqueles que entram a cada ano na população economicamente ativa, seria necessário um crescimento do PIB de 3% ao ano, percentual muito acima do que o país vem conseguindo na última década.

Entre as consequências desses fatores estão o crescimento da informalidade, que atinge cerca de 40% do contingente de trabalhadores, e a queda na renda média do trabalhador (regressão anual de -9,7% até o trimestre encerrado em janeiro).

Outro fenômeno também visível é a dificuldade que os jovens recém-formados, muitos deles com diploma de ensino superior, têm de se inserir no mercado de trabalho, especialmente em vagas relacionadas à sua área de formação.

Para aumentar as chances de sair do desemprego, especialistas em recursos humanos recomendam que os trabalhadores usem o tempo de desocupação de  forma produtiva, fazendo cursos e expandindo as suas habilidades. Isso aumenta as chances de contratação, num cenário de forte concorrência em torno das vagas mais qualificadas.

Amaury NogueiraAmaury Nogueira
Nascido em Manga, norte de Minas Gerais, mora em Belo Horizonte há quase 10 anos. É graduando em Letras - Bacharelado em Edição, pela UFMG. Trabalha há três anos como redator e possui experiência com SEO, revisão e edição de texto. Nas horas vagas, escreve, desenha e pratica outras artes.