Centenas de aviões da Airbus e Boeing correm o risco de serem confiscados por companhias aéreas da Rússia. Esta possibilidade está associada ao fato de que os contratos previamente firmados caíram em um limbo devido às sanções aplicadas contra o governo e entidades russas.
Essas sanções, por sua vez, são reflexo da guerra provocada pela Rússia contra a Ucrânia há mais de uma semana. Segundo um levantamento feito pela empresa de financiamento e leasing, a Valkyrie BTO Aviation, existem cerca de 500 aviões alugados por companhias aéreas da Rússia.
As aeronaves tratam-se de jatos que, no total, valem US$ 10,3 bilhões de acordo com os cálculos da consultoria do setor de aviação, Ishka. A princípio, os aviões arrendados à Rússia podem ser retomados pelas empresas de leasing até o dia 28 de março, conforme estabelecido pelas sanções impostas pela União Europeia à Rússia.
Até agora, a informação é de que somente 20 aviões foram recuperados. A estatal russa, Aeroflot e outras companhias aéreas da Rússia já conseguiram retomar a maior parte das aeronaves. O próprio governo instruiu as empresas aéreas a suspenderem os voos para o exterior e levarem os jatos de volta para a Rússia.
“O maior medo das empresas [de leasing] é que suas aeronaves tenham ido embora para sempre”, declarou o diretor-gerente da Nomadic Aviation Group, Steve Giordano, uma das pouquíssimas empresas especializadas em posse e reintegração de aeronaves.
A atitude da Rússia em resposta às sanções econômicas aplicadas por países e empresas do Ocidente foi uma surpresa para toda a indústria de leasing. Isso porque, a decisão de Putin desrespeita todos os tratados de convenções internacionais que já vigoram há décadas.
Esses tratados foram implementados com o propósito de assegurar às empresas de leasing o direito de cruzar fronteiras para requerer aviões de clientes inadimplentes. Na época, tal garantia causou um brilho nos olhos de vários investidores, pois enxergaram no leasing de aeronaves uma aposta segura.