Os mercados de todo o mundo estão instáveis devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Os preços de várias commodities estão subindo rapidamente e alcançando patamares preocupantes. É o caso do petróleo, que nos últimos dias está sendo comercializado a mais de 120 dólares o barril do tipo brent.
Os mercados negociaram o barril de petróleo brent a 99 dólares em 24 de fevereiro, no início do conflito, e aceleraram a cotação a partir de 28 de fevereiro, após a exclusão da Rússia do Swift, sistema internacional de pagamentos. Nesta terça-feira, o produto chegou ao patamar de 127 dólares, depois de fechar a segunda em cerca de 125 dólares.
No momento, o que mais impacta o comportamento do mercado é a preocupação quanto a uma sanção ampla sobre o petróleo da Rússia, que responde por cerca de 7% de toda a produção mundial. É, inclusive, o maior exportador do produto.
Nos últimos dias, os Estados Unidos sinalizaram a intenção de sancionar o petróleo russo, mas agora alegam que a medida valeria apenas para o mercado americano.
Por outro lado, a preocupação de Washington com o fornecimento de petróleo e derivados para o seu mercado interno é tanta, que uma delegação americana foi enviada para a Venezuela, para negociar um retorno das relações comerciais entre os dois países, pelo menos nesse setor.
Acredita-se, também, que o petróleo do Irã, país igualmente sancionado pelos EUA, possa voltar a fluir normalmente no mercado global, especialmente após a assinatura de um novo acordo nuclear para o país do Oriente Médio.
Enquanto isso, na Europa, há rumores de um avanço das sanções sobre o petróleo e o gás da Rússia. O fornecimento desse produtos ainda não foi interrompido para o continente e está gerando lucros consideráveis para as empresas russas. A principal resistência vem da Alemanha, que é a maior compradora dos hidrocarbonetos russos.
Reflexos no Brasil
O aumento internacional no preço do petróleo não está se refletindo no Brasil, pelo menos por enquanto. As importadoras de petróleo acusam a Petrobrás de segurar os aumentos. A gasolina, por exemplo, estaria com defasagem de 26%, ou R$ 1,17 por litro.
Sem essa defasagem, o brasileiro já deveria estar pagando R$ 8 por litro de gasolina. O diesel, por sua vez, já deveria estar no patamar de R$ 7,30. Tais aumentos repercutiriam em toda a cadeia produtiva, acelerando a inflação.
A vontade do governo de interferir na política de preços da Petrobrás é cada vez maior, especialmente devido às eleições. As declarações feitas por Bolsonaro nesse sentido fizeram as ações da empresa caírem mais de 7% na segunda-feira.