A pandemia de Covid-19 trouxe consequências nefastas para toda a população, mas os mais pobres foram certamente os mais prejudicados. Cerca de 30 milhões de pessoas migraram da classe C paras as classes D e E, onde, calcula-se, houve perda de 15% nos rendimentos durante 2021.
Isso se reflete no padrão de consumo dos mais pobres, inclusive quando o assunto é crédito. A fintech Bullla, que é especializada em empréstimos P2P (entre pessoas) para as classes C e D, relatou um aumento nos pedidos de outubro em relação a setembro de 2021.
A informação foi divulgada pela colunista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo. De acordo com a Bullla, houve crescimento de 20%, sendo que as solicitações de empréstimos se direcionam, principalmente, para investimento em pequenos negócios.
A plataforma oferece ainda o serviço de antecipação de salários, através do cartão de crédito Bullla/Mastercard. Nesse segmento, houve crescimento de 26% de setembro para outubro, sendo que 45% dos pedidos se direcionavam para o pagamento de dívidas e outros 25% para pacotes de férias.
Fintechs apostam nas classes C e D
As fintechs são um fenômeno recente, que vêm causando mudanças significativas no mercado de crédito brasileiro. Elas se diferenciam das instituições tradicionais por atuarem de modo 100% online e com menos burocracia, podendo atender um público que normalmente tem dificuldade para conseguir empréstimo com os bancos.
Segundo a pesquisa A Nova Fronteira do Crédito no Brasil, realizada pela Associação Brasileira de Crédito Digital em parceria com a PwC Brasil, 79% dos clientes das fintechs eram das classes C, D e E antes da pandemia. Agora, o cenário parece se mostrar ainda mais favorável.
Segundo pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, divulgada em julho deste ano, 58% dos brasileiros procuraram crédito com as fintechs durante a pandemia, na maioria das vezes para conseguir empréstimo pessoal.
As classes C e D foram as que mais tiveram dificuldade em ter seu crédito aprovado. Nesses segmentos, 41% tiveram solicitações negadas.
Crescimento dos empréstimos P2P
A fintech Bulla atua no segmento de empréstimos P2P, em que pessoas oferecem crédito para outras pessoas, através de uma plataforma gerenciada pela empresa. O modelo recicla o conhecido empréstimo entre amigos e familiares e normalmente conta com taxas de juros mais vantajosas.
Apesar de recente (começou a operar em 2019), a Bulla vem tendo resultados muito positivos, refletindo o bom desempenho no novo segmento. Nos cinco primeiros meses de 2021, a empresa registrou aumento de 235% no número de empréstimos.