Em meio ao cenário atual de inflação e juros altos, a falta de dinheiro para pagar todas as contas ao final do mês afeta um em cada quatro brasileiros (25%). Como resultados, sobram dívidas para estas pessoas. A pesquisa foi divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (8).
Entre os que deixam de pagar as contas, 19% não conseguem pagar todas as contas e deixam parte dessas dívidas para o mês seguinte. A pesquisa ainda mostra que 4% precisam recorrer aos empréstimos, 2% utilizam o cheque especial, e 1% paga apenas o mínimo do cartão de crédito.
Na outra ponta, 29% dos participantes informaram que conseguem gerenciar bem o dinheiro, e guardam um pouco quase todo mês. Ainda houve 44% que disseram que quase sempre ficam apertados — ou seja, pagam as contas, mas não sobra nada.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, alega que a pandemia de coronavírus — e outros fatores, como a guerra entre Rússia e Ucrânia — comprometeram a retomada da economia e do crescimento no Brasil.
O executivo explica que a elevação da inflação resultou em um novo ciclo de alta dos juros. Isso causou um desestímulo do consumo e investimentos.
“Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperação do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população – o que nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando”, comenta.
34 dos brasileiros atrasaram contas de água ou luz
Sem conseguir poupar ou sair do negativo, 64% dos brasileiros cortaram os gastos desde o começo deste ano. Nos últimos 12 meses, um em cada cinco brasileiros chegou a solicitar empréstimo ou contraiu dívidas.
Ao serem perguntados sobre algumas situações específicas sobre o orçamento pessoal neste ano, 34% dos entrevistados revelaram que atrasaram contas de água ou luz. Outros 19% deixaram de pagar o plano de saúde, e 16% precisaram vender algum bem para pagar as dívidas.
A pesquisa foi encomendada pela CNI para o Instituto FSB Pesquisa. Para realizar o levantamento, foram ouvidas mais de 2 mil pessoas, presencialmente, em todas as unidades da federação. As entrevistas foram realizadas entre os dias 23 e 26 de julho.