Ao que tudo indica, o Brasil deve estourar a meta da inflação pelo 3º ano seguido. Estima-se que esse cenário prevaleça até 2023, segundo especialistas ouvidos pelo UOL Notícias.
Economistas acreditam que o Banco Central não tenha capacidade para cumprir o principal objetivo da instituição, manter a inflação equilibrada e, sobretudo, dentro da meta estabelecida para cada ano.
De acordo com o relatório feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerando as maiores economias do mundo, o Brasil está na quarta posição no que compete à maior inflação. O país fica atrás apenas da Turquia, Argentina e Rússia.
Na análise dos países do G20, a média observada foi de 8,8% em maio. No Brasil, os índices ficaram em 11,7%, apontando uma desaceleração da tendência de alta, embora o percentual continue elevado.
O índice sofre influência do desabastecimento da indústria provocado pela guerra na Ucrânia e as incertezas que prevalecem em relação à pandemia. De toda forma, existem alguns fatores internos que colocam o Brasil acima da média, que são: a desvalorização do real, cenário político conturbado e a desconfiança dos investidores.
Impactos da inflação no bolso do consumidor
Antes de mais nada, é importante explicar que, caso ocorra um novo estouro da inflação em 2022, o Brasil terá novamente o pior desempenho em 20 anos. A última vez em que a meta também não foi alcançada pelo período de três anos foi entre 2001 e 2003.
O cenário piorou drasticamente em 2021 com a disparada dos preços das commodities por todo o mundo. Foi quando o Brasil registrou a inflação de 10,06%. O percentual superou a meta imposta pelo BC de 3,75%, com margem de 1,5% para mais ou para menos.
Na prática, a inflação deveria variar entre 2,25% e 5,25% para se manter na meta. A situação só piora, pois as projeções do mercado financeiro e do Banco Central indicam que a meta será descumprida em 2022. Para este ano a meta da instituição é de 8,8%, e a do mercado é 7,96%.
Mas afinal, como o consumidor é afetado na prática? No dia-a-dia, a inflação em alta significa que a pobreza também aumenta enquanto o poder de compra é reduzido. Em tese, paga-se mais caro por uma série de produtos básicos e essenciais, como alimentos e combustíveis.
O problema é que o salário mínimo não acompanha essa nova realidade, e o consumidor terá que abrir mão de certos consumos para manter a subsistência.