A pandemia causou transformações no mercado de trabalho a nível global. Diversas atividades tiveram que usar soluções tecnológicas para continuar funcionando e atendendo ao público. E o fim da crise sanitária, possibilitado pelo avanço da vacinação, também está causando mudanças significativas.
Uma dessas mudanças se reflete na onda de demissões voluntárias, observada já há algum tempo nos Estados Unidos, mas que também parece ter chegado ao Brasil. Entre as razões para esse aumento de pedidos de demissão, destaca-se o desejo dos trabalhadores de continuar no home office.
O fato de várias empresas exigirem o retorno ao trabalho presencial estaria deixando muitos funcionários insatisfeitos. E o pedido de demissão do diretor de machine learning da Apple, Ian Goodfellow, no início de maio, demonstra que a tendência já teria chegado, inclusive, ao alto escalão de grandes empresas.
A Apple iniciou um retorno gradual ao trabalho nos seus escritórios em abril. Primeiro um dia por semana, depois dois e depois três. Mas esse processo foi interrompido quando a companhia notou a grande insatisfação entre os funcionários, que chegaram a assinar uma carta aberta à diretoria, na qual expressaram seu desejo de “decidir como trabalhamos melhor”.
Pesquisas também têm demonstrado como a preferência pelo home office está influenciando na decisão de permanecer ou sair de um emprego. Um levantamento divulgado em março pela empresa de recrutamento Robert Half apontou que 50% dos trabalhadores americanos preferiam se demitir caso fossem obrigados a voltar para seus escritórios em tempo integral.
No Brasil, um estudo da LCA Consultores, com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de março, revelou que um terço das demissões no mês foram voluntárias. Esses pedidos se concentraram em setores como atividades administrativas e serviços complementares, informação e comunicação e atividades profissionais, científicas e técnicas, onde a incidência do home office é maior.
Além disso, tanto no Brasil, como nos Estados Unidos, as demissões por conta do retorno ao trabalho presencial se concentram nos setores com melhores salários e entre profissionais com maior escolaridade. São eles que têm condições financeiras e currículos que possibilitam escolher entre a modalidade de trabalho e a permanência no emprego.
Vantagens do home office
Além da comodidade de poder trabalhar em casa, perto da família e vestindo, basicamente, qualquer roupa, o home office possibilita uma considerável redução de custos, tanto para as empresas, como para os trabalhadores.
Do lado das empresas, diminui o custo com a manutenção dos escritórios e com vale transporte. Do lado dos funcionários, diminui o tempo no trânsito e o gasto com combustíveis, atualmente com preços exorbitantes.
Mas além disso, e ao contrário do que muitos podem pensar, o home office também vem trazendo um aumento de produtividade no trabalho.