Durante participação em evento da Associação Paulista de Supermercados, o presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar a Petrobras pelo alto preço dos combustíveis. Para ele, a estatal quer ser “campeã do mundo” e não faz a parte dela para “salvar o Brasil”.
“Todos têm que ter consciência, apertar o cinto, salvar o Brasil, como fizeram todas as petrolíferas do mundo. Diminuíram seu lucro. Exceto a Petrobras Futebol Clube. Essa está preocupada em ser a campeã do mundo”, disse o presidente.
“Enquanto nós pensamos em ser campeão brasileiro, a Petrobras quer ser campeã do mundo. Nada contra a empresa ter lucro. Tem que ter lucro, senão não existe mercado livre, não existe democracia. Ser contra o capitalismo, a gente sabe que isso não dá certo”, completou.
De janeiro a março de 2022, a petroleira obteve lucro de R$ 44,5 bilhões, 41,4% a mais que o resultado do último trimestre de 2021 e 3.718% a mais que no mesmo período do ano passado.
Quando a Petrobras divulgou o resultado do primeiro trimestre, Bolsonaro chamou o lucro da estatal de “absurdo” e “estupro” e clamou para que não fossem anunciados novos reajustes no preço dos combustíveis.
Após o reajuste do diesel implementado em 10 de maio, o presidente da República retirou Bento Albuquerque do cargo de ministro de Minas e Energia e colocou Adolfo Sachsida em seu lugar. O novo ministro, próximo a Bolsonaro e alinhado a Paulo Guedes, já demonstrou a intenção de privatizar a Petrobras.
Bolsonaro tem poder sobre a Petrobras?
A Petrobras é (ao menos oficialmente) uma empresa pública e seu acionista majoritário e controlador é o governo federal. O presidente da República, como chefe do governo, tem o poder de escolher os integrantes do conselho administrativo da estatal e, assim, influenciar nas suas estratégias e decisões internas.
O atual modelo de gestão da Petrobras, implantado a partir de 2016, é criticado por amplos setores da sociedade, incluindo governadores, funcionários e políticos da oposição.
Entre as decisões da estatal que são criticadas, está o Preço de Paridade de Importação (PPI), segundo o qual os preços dos combustíveis, como gasolina, diesel e etanol, além dos preços do gás de cozinha e do gás natural, são reajustados periodicamente, para manter a paridade com os preços internacionais e estimular a concorrência com empresas privadas.