A pandemia de Covid-19 acelerou um processo que já vinha ocorrendo: cada vez mais empresas estrangeiras contratam profissionais brasileiros. Mas agora há um diferencial. A maioria deles consegue o emprego no exterior sem precisar emigrar, podendo trabalhar de casa, em regime de home office.
A nova realidade imposta pela pandemia fez as empresas perceberem que podiam contratar profissionais qualificados de todo o mundo, não apenas aqueles que morassem por perto. Além disso, o fato de os salários serem convertidos para moedas com valor inferior ao dólar ou euro permite a elas uma diminuição considerável de custos.
Algumas, inclusive, usam empresas de recrutamento ou terceirização localizadas no país onde o profissional reside para cuidar da contratação ou mesmo do pagamento dos salários.
Ganhar em dólar
Para os brasileiros, as vantagens também são muito significativas. Como as remunerações são pagas em dólar ou euro, os profissionais podem ganhar salários até 200% maiores que os pagos no Brasil. Mesmo com a recente valorização do real frente ao dólar, esses salários de “nível internacional” continuam sendo muito vantajosos.
Além disso, trabalhar em uma empresa estrangeira valoriza muito o currículo dos profissionais e permite o contato com culturas bem diversas. Muitos dos brasileiros que buscam uma vaga no exterior, inclusive, a veem como um trampolim para, no futuro, residirem e trabalharem fora do Brasil.
Até mesmo a diferença de idioma deixou de ser uma barreira. Atualmente, as empresas aceitam contratar brasileiros com inglês intermediário e boa parte da comunicação é feita por chats ou por intermédio de supervisores que falam português.
Setores que mais contratam
Entre os setores que mais contratam brasileiros para trabalhar “no exterior” sem sair de casa estão os de telemarketing, suporte ao cliente e publicidade. O grande destaque, no entanto, fica por conta das profissões na área de tecnologia, como desenvolvedor e especialista em segurança da informação.
O setor de tecnologia vem crescendo em todo o mundo e é um dos que mais demanda mão-de-obra internacional. Os brasileiros têm vantagem nessa área, por serem considerados mais resilientes e terem experiência em diversas linguagens de programação.
Também há desavantagens
Apesar de poucas, as desvantagens desse modelo de trabalho também existem. Uma das principais é quanto ao fuso-horário, que frequentemente não é o mesmo na sede na empresa e nos países onde os seus empregados trabalham. Isso pode significar turnos de trabalho e reuniões em horários pouco usuais.
Outro problema é quanto aos direitos trabalhistas, uma vez que os profissionais não estão sujeitos às normas trabalhistas brasileiras e precisam seguir as normas de outros países. Isso pode significar, por exemplo, ter que trabalhar em feriados, mas também pode significar férias maiores e mais remunerações.
Em muitos casos, para viabilizar a contratação, é preciso se registrar como pessoa jurídica e, dessa forma, receber da empresa pela prestação dos serviços. Isso pode implicar o pagamento de mais impostos do que se pagaria em um emprego “normal”.
Também é comum que os salários sejam pagos em criptomoedas, o que obriga os trabalhadores a pagarem impostos sobre transação de capitais se a revenda desse ativos der lucro.
Dicas para conseguir emprego no exterior
Ter um inglês em nível avançado certamente contribui para conseguir um emprego no exterior, mas, como dissemos acima, já não é uma condição obrigatória.
As empresas procuram, acima de tudo, por profissionais qualificados e atualizados, com bons currículos e capacidade de se adaptar a diferentes situações. Os brasileiros, por seu lado, têm a vantagem de serem considerados mais sociáveis e criativos, características também muito valorizadas.
Para chegar até as vagas, é recomendado fazer uma busca nos sites das empresas estrangeiras e em empresas especializadas nesse tipo de recrutamento. Redes sociais, como o Linkedin, também vêm sendo muito utilizadas para esse fim.