A alta da inflação que chegou à casa dos dois dígitos no acumulado de 2021 atinge os preços cobrados por produtos e serviços por todo o país. Este impacto já chegou aos alimentos que compõem a cesta básica, ultrapassando a margem dos 20%.
Pelo menos, é o que diz um estudo realizado pelos professores do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Antes de mais nada, é preciso entender que a alta dos preços é reflexo de um contexto muito maior, que sofre a pressão econômica provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
O primeiro impacto notado no Brasil foi a alta no preço dos combustíveis, que se desdobrou em uma cadeia encarecendo os custos dos fretes, alimentos e demais produtos que dependem do transporte para chegar ao destino. Neste sentido, a inflação da cesta básica acelerou de 2,02% em fevereiro para 5,27% em março.
Desta forma, a alta acumulada ao longo de 12 meses passou de 12,67% para 21,46%. É importante explicar que a variação mais recente equivale a quase o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No apanhado desses 12 meses concluídos em março, o índice acumulou uma inflação de 11,30%, a mais intensa desde outubro de 2003, que foi de 13,98%.
Na visão do economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de economia da PUC-PR, a alta da cesta básica, na verdade, é resultado de uma combinação de vários fatores. O primeiro deles é a diversidade climática presente em determinadas regiões do país, como no Sul e Sudeste, que nos últimos meses enfrentaram extremos com chuvas e secas intensas.
O resultado óbvio foi a perda das plantações em sua totalidade ou quase. Estes fenômenos extremos impuseram limites na oferta dos produtos, além de deixá-los mais caros, sobretudo aqueles que compõem a cesta básica.
Outro ponto importante que deve ser considerado é o fato de que o mês de março marcou a etapa inicial da guerra entre Rússia e Ucrânia, conforme mencionado.
No que compete aos alimentos, o primeiro impacto notado pelo Brasil com o início da guerra foi o aumento nas cotações do trigo, influenciando no encarecimento de alimentos como o pão francês, um dos componentes da cesta básica.
“Uma inflação acima de 20%, como a da cesta básica, impressiona. Afeta todos os brasileiros. Mas são as classes com renda mais baixa que sentem mais. Elas estão empobrecendo”, disse o economista.