Tensões na Europa podem causar a estagflação do euro; entenda o que é isto

Pontos-chave
  • Euro registrou maior queda em quase dois anos;
  • Guerra entre Rússia e Ucrânia tem desestabilizado a economia internacional;
  • Alta na inflação causa pressão no Banco Central Europeu.

O universo econômico pode ser um labirinto para leigos. Mas uma coisa é certa, qualquer alta ou baixa está associada à política e suas nuances. O impacto da vez são as tensões na Europa, provocadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que podem causar a estagflação do euro após uma desvalorização drástica da moeda.

Nesta quinta-feira, 3, o euro atingiu a maior baixa dos últimos 21 meses. O temor é que a invasão da Rússia na Ucrânia prejudique o crescimento europeu. Neste sentido, a divisa ficou em US$ 1,1097 na sessão da Ásia, somente um pouco acima da mínima da noite anterior que registrou US$ 1,1058.

Antes mesmo da semana acabar, a queda do euro foi de 1,5% e continua a caminho de uma quarta perda semanal seguida, se equiparando ao dólar. A moeda norte-americana, por sua vez, tem sido negociada na casa dos R$ 5 nos últimos dias.

Por toda a Europa, as bolsas de valores apresentaram quedas. É o caso da Bolsa de Londres, que registrou uma baixa de 2,57% e a de Frankfurt, que fechou em 1,84%. Mas não parou por aí, a Bolsa de Paris também caiu em 2,16%.

Mas a guerra entre Rússia e Ucrânia não é o único fator que tem influenciado na situação econômica do continente. O destaque também fica por conta da divulgação da ata da última reunião de política monetária realizada pelo Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com o documento, foi possível observar que os dirigentes do banco chegaram a um acordo sobre elevar as taxas de juros que estavam estagnadas há mais de uma década. O ajuste foi necessário especialmente devido à insistente alta da inflação.

Pressão no Banco Central

A instabilidade do atual cenário econômico tem pressionado a alta nos preços perante o Banco Central Europeu. Isso porque, em fevereiro, a inflação atingiu a taxa recorde de 5,8% na prévia. O percentual é quase três vezes mais alto do que a meta estabelecida em 2%.

A tendência é para que o índice continue avançando nos próximos meses à medida em que os preços do petróleo e do gás são valorizados. Vale mencionar que em momento algum a autoridade monetária fez menção precisa ao conflito, tendo em vista que na ocasião em que a reunião aconteceu, a Rússia ainda não havia invadido a Ucrânia.

De toda forma, as tensões na Europa podem claramente influenciar nos próximos passos do banco devido à incerteza que cerca o mercado financeiro.

Em nota o BCE disse que, “a inflação pode ser maior do que o previsto nos próximos meses se o aumento dos preços da energia se intensificar, especialmente se as tensões geopolíticas aumentarem ainda mais, se a oferta do petróleo permanecer persistentemente lenta ou se os gargalos na produção e no comércio internacional se estenderem até o final do ano”, concluiu.

Estagflação do euro

Após a recente baixa do euro, a moeda teve uma queda de nove sessões consecutivas dentro do período de quatro anos. Na visão da estrategista sênior de câmbio, Jane Foley, na análise de um nível corporativo, existe uma gama de relacionamentos complexos entre a União Europeia e empresas russas, principalmente as do setor de energia.

“Os preços da energia subiram, assim como os de muitos produtos agrícolas. A guerra na Ucrânia, portanto, sugere uma inflação mais longa e o potencial de crescimento econômico mais lento”, destacou.

Vale destacar que a inflação na zona do euro bateu o recorde de 5,8% no mês passado, superando qualquer expectativa e emitindo um alerta para as autoridades a respeito da estagflação do euro. Para quem não sabe, a estagflação é o aumento da taxa de desemprego associado ao aumento contínuo dos preços no mercado.

Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.