Inflação está descontrolada no mundo todo? Entenda o cenário

Pontos-chave
  • Aumento da inflação compõe um cenário mundial;
  • Pandemia da Covid-19 teve influência no aumento da inflação;
  • Taxa elevada resulta no encarecimento de produtos e serviços.

A inflação fechou o ano de 2021 em 10,06%. Apesar do acumulado, os efeitos puderam ser sentidos ao longo do ano através da alta extrema de preços cobrados por uma série de produtos e serviços. 

Inflação está descontrolada no mundo todo? Entenda o cenário
Inflação está descontrolada no mundo todo? Entenda o cenário. (Imagem: FDR)

Isso porque, a inflação é o índice utilizado como base para a determinação de preços essenciais e não essenciais por todo o Brasil. Produtos como combustíveis (gasolina, diesel, etanol), gás de cozinha, alimentos, aluguéis, energia tiveram um encarecimento notório nos últimos 12 meses. 

Mas se engana quem pensa que a situação mudaria da noite para o dia com a virada de ano, pois novos capítulos começaram a ser escritos já nas primeiras semanas de 2022. A tendência é para que a inflação continue sendo pressionada por uma série de fatores, tanto domésticos quanto externos, é o que dizem os especialistas do Banco Central (BC).

 Aumento da inflação 

A inflação não faz parte exclusivamente do cenário brasileiro, ela está presente nos países pelo mundo. O funcionamento é basicamente o mesmo, a divergência está nos motivadores que influenciam neste índice. 

Em países como a Rússia e a Ucrânia, por exemplo, tensões geopolíticas internacionais, ameaças de um conflito militar além de fatores internos como impasses climáticos e incertezas políticas alavancam os índices de preços durante o primeiro trimestre do ano.

No entanto, a inflação também tem origem externa, o que atinge em massa os países desenvolvidos. É o caso dos Estados Unidos da América (EUA) onde o índice ao consumidor chegou a 7% no ano passado, o mais alto nível desde 1982. 

Enquanto isso, na Europa, a inflação foi fechada em 5%, atingindo o maior nível desde a criação e fixação do euro como moeda padrão por todo o continente europeu. O cenário foi alavancado mesmo com o crescimento do desemprego em vários países da Europa. 

Em território norte-americano a taxa inflacionária segue os efeitos do período mais crítico da pandemia da Covid-19, sobretudo na fase de reabertura e normalização da economia após as medidas restritivas.

O aumento no preço do barril de petróleo para US$ 80 é reflexo deste índice, uma cobrança quatro vezes maior do que aquela aplicada na fase mais aguda da pandemia, época em que a cotação chegou a US$ 19. 

No entanto, o petróleo não foi o único problema da inflação. Fontes de energia como o carvão e o urânio também tiveram um aumento, que inclusive tiveram a influência das tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Isso porque, um bombardeio em caminhões de combustível nos Emirados Árabes Unidos promovido por rebeldes financiados pelo Irã agravaram a situação.

No Brasil, com o preço do barril de petróleo caminhando para a casa dos US$ 90, a Petrobras anunciou o primeiro aumento no valor dos combustíveis no prazo de três meses.

Com toda a certeza, este reajuste irá pesar no bolso dos brasileiros durante as próximas semanas. A decisão será alavancada pela decisão dos governadores em descongelar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis. 

Considerando o cenário mundial, é importante saber que a inflação foi pressionada pelo obstáculo nas cadeias de produção logo após a retomada da economia em vários países.

Junto a isso, o crescimento da demanda global, bem como a política de lockdown em setores industriais e portuários da China na tentativa de conter o avanço da Covid-19 gerou a escassez de insumos e demais mercadorias importadas. 

Logo, houve o encarecimento dos produtos industrializados combinado a extensas filas que podem durar até três semanas em uma série de portos para descarregar mercadorias. Os fretes tiveram um aumento de quatro ou cinco vezes maior do que o preço original, a depender do produto comercializado.

Na oportunidade, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, reconheceu os desafios para garantir a estabilidade da inflação neste início de ano. Na última semana, ele reconheceu que a seca que atingiu a região Sul do país combinada às enchentes causadas pelas chuvas em Minas Gerais e na Bahia também têm o poder de afetar a taxa inflacionária. 

“A inflação em 12 meses no Brasil está perto do pico, mas ainda vemos aumento de preços do petróleo e altas provocadas por problemas climáticos. Regiões do país com muita chuva ou seca já tiveram a colheita prejudicada, e isso já afeta o preço da comida”, disse Campos Neto num evento virtual promovido por um banco.

Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.