As últimas semanas têm sido regadas a constantes e intensas chuvas, que inclusive, têm levado algumas cidades e estados a declararem estado de emergência. Mas como tudo em excesso não traz benefícios, a população e especialistas se preocupam com os efeitos deste fenômeno, como a possibilidade de os estados ficarem sem água ou energia.
A princípio, a expectativa era a de que, o retorno do período chuvoso trouxesse um alívio para as contas de energia, tendo em vista que o nível de água dos reservatórios da regiões Sudeste e Centro-Oeste têm a oportunidade de recuperar a capacidade de manutenção de água em 50%, pelo menos, até abril.
Se isso acontecer, o Governo Federal teria a possibilidade de reduzir o despacho das termelétricas que geram custos mais altos.
Na prática, os consumidores teriam a oportunidade de começar a quitar uma parte da dívida que carrega junto às distribuidoras, que é estimada em R$ 14 bilhões até o mês de novembro. Mas se engana que as chuvas terão o poder imediato de acabar com a bandeira tarifária de escassez hídrica, pois a mesma deve prevalecer até meados de abril.
Este é o mês que compõe a meta traçada pelas autoridades para obter análises sobre o cenário do país que tem enfrentado a pior crise hídrica da história. Para o consultor da PSR Energy, Luiz Augusto Barroso, “como as térmicas mais caras devem ser desligadas, o consumidor já vai poder começar a pagar o que deve às distribuidoras, podendo até diminuir o valor do empréstimo autorizado pelo governo”, ponderou.
Em paralelo a isso, o presidente da República não parece ter interesse em agilizar a concessão da assinatura no decreto que dispõe sobre as normas deste empréstimo direcionado aos consumidores que desejam quitar as dívidas junto às distribuidoras.
Especulações indicam que o Tribunal de Contas da União (TCU) não está satisfeito com o trâmite desta medida em ano de pleito eleitoral, tendo em vista que seria um meio de manipular a inflação.
Vale destacar que durante a realização de uma auditoria interna do Tribunal, foram identificadas várias falhas no gerenciamento do Governo Federal quanto à crise hídrica agravada pela escassez das chuvas durante um longo período em 2021. Por esta razão, o TCU questionou a MP que prevê a concessão de empréstimo sem apresentar contas e impactos tarifários.
No entendimento do presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, entidade que representa as distribuidoras, as empresas estão apreensivas, mas otimistas de que a edição do decreto seja concretizada nos próximos dias.
A expectativa é para que a verba entre em caixa até fevereiro, pois os custos das distribuidoras de energia têm sido muito altos, enquanto elas funcionam apenas como mediadoras entre as geradoras e os consumidores.