- De acordo com os dados divulgados da Fipe, o reajuste salarial no setor privado ficou em 6,5%, estando abaixo da inflação de 8,4%;
- Esse cenário é resultado da alta na inflação com recessão, prejudicando negociações sindicais;
- Os setores mais afetados são aqueles que foram mais prejudicados pela pandemia, como turismo e hospitalidade;
De acordo com os dados divulgados da Fipe, o reajuste salarial no setor privado ficou em 6,5%, estando abaixo da inflação de 8,4%. Diante do aumento do desemprego e da retomada gradual da economia é esperado que neste ano o salário recebido pelo trabalhador do setor privado continue com perda.
De acordo com o “Salariômetro” da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o reajuste salarial no setor privado ficou abaixo da inflação. Entre janeiro e novembro passado, o reajuste médio obtido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%.
O reajuste salarial do setor foi insuficiente para cobrir a inflação média acumulada em 12 meses que, no mesmo período, atingiu 8,4%. Esse cenário é resultado da alta na inflação com recessão, prejudicando negociações sindicais.
De acordo com os dados do Fipe, em 2021, 51% das negociações salariais fechadas até o mês de novembro ficaram abaixo da inflação, 30% empataram e apenas 19% superaram o custo de vida.
Segundo Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, “Neste momento de crise, as pessoas estão aceitando salários até menores do que recebiam antes da pandemia”. Para piorar a situação, muitos trabalhadores estão se sujeitando a atividade informal.
Os setores mais afetados são aqueles que foram mais prejudicados pela pandemia, como turismo e hospitalidade. De acordo com o especialistas, esse cenário deve continuar ao longo do primeiro semestre deste ano devido ao acumulo da inflação dos últimos 12 meses.
Outros fatores que devem prejudicar o reajuste salarial dos trabalhadores é a alta taxa de desemprego e o baixo crescimento da economia brasileira esperado para 2022. Diante disso, será difícil conseguir sair dessa situação neste ano.
A inflação e o poder de compra
A cesta básica subiu 22,23% entre os meses de agosto de 2020 e agosto de 2021, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Já a inflação desse mesmo período, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), ficou em torno de 10%.
Diante disso, o poder de compra, ou seja, a capacidade de adquirir bens e serviços com determinada unidade monetária, está a cada dia mais prejudicado. Como é possível perceber a inflação dos alimentos é mais que o dobro da inflação oficial.
Em todos os estados brasileiros, o preço da cesta básica subiu afetando o consumo das famílias brasileiras. De acordo com dados da Abras, o consumo caiu consecutivamente no último ano.
Valor da cesta básica
Em dezembro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou o valor médio da cesta básica no mês de novembro em 17 capitais pesquisas. Dessas, nove tiveram registro de aumento, comparado ao mês anterior.
As maiores altas foram apuradas em capitais do Norte e do Nordeste, com destaque para Recife (8,13%), Salvador (3,76%) e, por fim, João Pessoa (3,62%). O preço mais elevado foi encontrado em Florianópolis por R$ 710,53.
Em contrapartida, a cesta básica teve queda em Brasília (-1,88%), Campo Grande (-1,26%) e Rio de Janeiro (-1,22%). O menor valor foi registrado em Aracaju ficando por R$ 473,26. Com isso, a diferença entre o valor encontrado nas duas cidades foi de R$ 237,27. Veja abaixo o ranking de preços nas 17 capitais pesquisadas:
- Florianópolis R$ 710,53;
- São Paulo R$ 692,27;
- Porto Alegre R$ 685,32;
- Vitória R$ 668,17;
- Rio de Janeiro R$ 665,60;
- Campo Grande R$ 645,17;
- Curitiba R$ 638,96;
- Brasília R$ 631,95;
- Goiânia R$ 599,64;
- Belo Horizonte R$ 594,97;
- Fortaleza R$ 580,36;
- Belém R$ 550,64;
- Recife R$ 524,73;
- Natal R$ 521,08;
- João Pessoa R$ 508,91;
- Salvador R$ 505,94;
- Aracaju R$ 473,26.
Analisando o maior e o menor valor, a média da cesta ficou por R$ 591,89. Entre os meses de janeiro a novembro de 2021, todas as capitais pesquisadas tiveram alta na cesta básica, variando de 4,44% (Aracaju) a 18,25% (Curitiba).
Reajuste salarial e Salário mínimo ideal
De acordo com o valor médio da cesta básica, o valor ideal do salário mínimo no mês de novembro para arcar com as despesas básicas de um trabalhador e sua família deveria ser de R$ 5.969,17, afirmou o Dieese.
Para comprar apenas os itens alimentícios para a sua família, composto por dois adultos e duas crianças, foi necessário desembolsar R$ 1.775,67 no mês de novembro. Porém, além dos alimentos, as famílias precisam arcar com outras despesas, como gás de cozinha, conta de luz e água, internet, saúde e educação.