O que esperar do Novo Ensino Médio para a economia e para o mercado de trabalho?

Pontos-chave
  • A reforma educacional, chamada de Novo Ensino Médio, entrará em vigor neste ano;
  • O Novo Ensino Médio passará a vigorar, em caráter obrigatório, em todo o Brasil;
  • A lei 13.415 define as diretrizes e mudanças para o Novo Ensino Médio, sendo que foi aprovada em 2017;

A reforma educacional, chamada de Novo Ensino Médio, entrará em vigor neste ano. Com isso, os estudantes poderão escolher parte das disciplinas a serem estudadas, de acordo com os seus interesses e objetivos para o futuro.

O Novo Ensino Médio passará a vigorar, em caráter obrigatório, em todo o Brasil. Sendo assim, todas as escolas que oferecem o ensino médio, seja pública ou privada, terão que se adaptar. A reforma educacional já é alvo de intensos questionamentos, já que críticos alertam para a exclusão de algumas matérias.

A lei 13.415 define as diretrizes e mudanças para o Novo Ensino Médio, sendo que foi aprovada em 2017, durante o governo de Michel Temer. Porém, apenas em 2022 será efetiva, de forma escalonada e progressiva.

Com isso, os estudantes do primeiro ano do ensino médio passarão a integrar o novo modelo. Esse terá a ampliação da carga horária para 1000 horas anuais e a criação dos itinerários formativos.

Dessa maneira, a formação escolar no Novo Ensino Médio será redesenhada e dividida entre disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os itinerários formativos.

A diferença é que a primeira será comum a todos os estudantes e a segunda parte deverá ser ofertada pela escola e poderão ser escolhidas. Com isso, os estudantes que ingressarem no novo modelo poderão escolher as áreas de interesse e que desejam se aprofundar.

Dessa maneira, serão oferecidas áreas como linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. Nesse cenário, o próprio estudante terá a liberdade de escolher as matérias que serão mais importantes em sua formação, com base em sua futura carreira.

Porém, uma das principais críticas à lei 13.415/2017 é a possível exclusão de disciplinas fundamentais da base curricular. Dessa maneira, disciplinas como educação física, artes, geografia e histórica podem vir a serem deixadas de lado, prejudicando a formação dos estudantes.

Porém, defensores afirmam que isso não irá acontecer, já que a carga horária não será só formada pelos itinerários formativos. Parte do ensino médio será com disciplinas da BNCC obrigatórias.

Novo Ensino Médio x Mercado de trabalho

O professor e pesquisador Renato Casagrande diz que um dos pontos mais criticados da reforma é a polêmica oferta do itinerário profissionalizante. Segundo ele, os estudantes terão uma redução na formação geral e será preparado para o ingresso no mercado de trabalho.

Diante disso, a preocupação é que a formação seja mais fraca prejudicando o ingresso no ensino superior. Com isso, esses irão ingressar no mercado de trabalho com uma mão de obra barata.

Além disso, Casagrande também alerta as dificuldades enfrentadas pelas escolas para colocar em prática os itinerários formativos. Os Estados estão optando por um ou dois itinerários e, sendo assim, não são os estudantes que irão escolher os itinerários.

“Vão escolher o itinerário com maior interesse geral ou, no interior, vai ter muito técnico. Isso vai condenar esses alunos a estarem em desvantagem em relação aos outros, que terão uma formação universal, mais êxito no Enem ou que vão passar nos vestibulares mais concorridos”, afirmou Casagrande.

O coordenador pedagógico Danilo Zanardi também reconhece os problemas do Novo Ensino Médio e afirma que a nova modalidade de ensino irá privilegiar parte dos estudantes. Sendo assim, irá ampliar a desigualdade social já existente entre os estudantes de escolas públicas e privadas.

“As escolas particulares, que tenham condição de oferecer um ensino mais específico e ainda preparar para o vestibular, vão sair muito na frente das escolas públicas. Infelizmente, então a tendência é essa desigualdade aumentar, pelo menos de início.”, afirmou Zanardi.

Novo Ensino Médio e o Enem

A Lei 13.415 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), porém não trata especificamente do Enem. Porém, como a implementação da nova modalidade de ensino será gradual, o processo seletivo para o ensino superior só deve ser mudado em 2024.

O Ministério da Educação compreende que o Enem deverá se adequar as mudanças que acontecerão a partir desse ano. Sendo assim, deverá ser divulgado a nova Matriz de Referência do Exame Nacional do Ensino Médio.

Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.