Alta na conta de luz, gás e combustível continua; como brasileiro lida com preços?

Pontos-chave
  • Conta de luz, gás de cozinha e combustíveis tiveram reajustes nos preços recentemente;
  • Contas básicas são responsáveis pelo endividamento dos brasileiros;
  • Serasa realiza pesquisa para identifica o patamar da inadimplência no país.

Nos últimos dias os brasileiros têm sido bombardeados por uma série de aumentos em vários produtos e serviços. Os principais afetados pelos preços elevados são a conta de luz, o gás de cozinha (GLP) e o combustível. 

Alta na conta de luz, gás e combustível continua; como brasileiro lida com preços?
Alta na conta de luz, gás e combustível continua; como brasileiro lida com preços? (Imagem: Portal Organizze)

Uma parte do aumento desses preços pode ser justificada pelos impactos socioeconômicos causados pela pandemia da Covid-19. A exceção fica por conta do aumento na conta de luz, que está relacionado à pior crise hídrica que o país enfrenta em 91 anos, em virtude da escassez das chuvas. 

Independentemente das razões, um fato é notável, o endividamento dos consumidores brasileiros atingirá um novo patamar em um futuro próximo.

Isso porque, em meio a tudo isso, o desemprego em massa também é um agravante de toda a situação. Dificultando ainda mais a capacidade dos trabalhadores em honrar com os compromissos básicos de uma casa. 

Contas sem pagar

De acordo com dados apurados pelo Serasa, já foram identificadas 37 milhões de dívidas neste sentido em atraso. Este número equivale a um total de 22,3% dos débitos obtidos por brasileiros.

Para se ter uma noção da gravidade, em maio de 2020, época em que o Brasil já sofria com os efeitos da Covid-19, o percentual era de 21,60%.

Ainda que o aumento na margem de débitos não tenha tido um aumento drástico, observa-se que a tendência é para que haja um crescimento ainda maior.

Apesar de o nível de endividamento referente às contas básicas sofrer variações constantes com base em cada região brasileira, o nível de renda das famílias também deve ser considerado de acordo com a pesquisa feita pelo Serasa “O Bolso dos Brasileiros”.

Até o momento, a região com o maior índice de inadimplência é a Norte, com 29,7% de dívidas vinculadas a atrasos na conta de luz, entre outros serviços e consumos. Em segundo lugar está a região Nordeste com 25,4% das dívidas em serviços essenciais.

Em terceiro lugar vem a região Sudeste com 23,6%, se posicionando em um patamar preocupante, sobretudo diante de todos os recursos que possui para suprir a demanda. Em penúltimo lugar deste ranking de endividamento está a região Centro-Oeste com 19,9% e, por último, o Sul com apenas 8,4%.

Conforme mencionado anteriormente, o endividamento cresceu junto com a pandemia da Covid-19, época em que os preços têm passado por ajustes frequentes.

A dificuldade de arcar com os novos valores começou a se agravar em março de 2020, apesar de ter havido uma queda no mês de janeiro de 2021, deixando o respectivo percentual entre 22,2% a 22,7% nos meses posteriores. 

A época em que o cenário ficou mais preocupante foi em dezembro de 2020, quando a inadimplência devido à falta de recursos financeiros para custear os novos preços chegou a 23,6%, o maior índice desde janeiro de 2018.

O endividamento vinculado às contas de luz, gás de cozinha e combustíveis só não superam as dívidas junto à rede bancária nacional, que soma 62,56 milhões de brasileiros inadimplentes. 

Vale ressaltar que de acordo com a pesquisa do Serasa, as contas básicas consideradas para este levantamento foram aquelas que deveriam ter prioridade no cronograma de pagamentos dos brasileiros.

Em contrapartida, contas relacionadas a serviços de assinatura, telefonia, cartão de crédito e planos de saúde compõem o grupo que está em dia. 

Alta na conta de luz, gás e combustível continua; como brasileiro lida com preços?
Alta na conta de luz, gás e combustível continua; como brasileiro lida com preços? (Imagem: Migalhas)

Na oportunidade, a gerente do Serasa, Nathalia Dirani, ressaltou que o aumento no preço das contas básicas atinge todos os brasileiros, ainda que cada um se encontre em condições financeiras distintas. 

“Mas as pessoas com menor renda podem sentir mais esse impacto, já que, normalmente, essas são as contas priorizadas no orçamento familiar, que já vem sofrendo com a alta de produtos e serviços. Ou seja, algumas pessoas podem ter que fazer escolhas”, concluiu.

Ajuda do governo para pagar as contas

Por fim, é válido lembrar que enquanto o auxílio emergencial foi pago com valores entre R$ 1.200 a R$ 300 no decorrer de 2020, apesar de todas as dificuldades financeiras, o percentual de endividamento junto variou entre 27,3% a 27,8%.

Outra medida que também ajudou neste sentido foi o adiamento do prazo de vencimento das parcelas devidas a bancos. Contudo, a situação voltou a se agravar com o aumento dos preços este ano.