Por conta da realidade que o Brasil tem vivido atualmente, pela crise econômica e de saúde, muitos reflexos negativos têm surgido. Os juros e a inflação têm apresentado alta recente com impacto no dólar e na bolsa. Para se ter uma ideia, o Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP-DI) apresentou alta de 3,87% referente a agosto. O valor esperado pelo mercado era bem abaixo, em torno de 2,2%.
O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, afirma que o aumento do valor do dólar tem como resultado a menor oferta de alimentos no mercado interno e inflação na ponta importadora. “Isso tem um peso considerável na indústria brasileira, que usa muito insumo importado na base de seus produtos”, argumenta ao Exame.
Em situações em que a expectativa e a efetivação definitiva na alta do preço de produtos e serviços, a consequência seria o aumento das taxas de juros.
Essas taxas são usadas como formas de conter a inflação, pois com os juros altos, a população evitaria financiamentos e consumo. Diante disso, haveria pouco dinheiro em circulação e pouca possibilidade de aumento de preço. Por fim, o valor do real teria a desvalorização e causaria o impacto na bolsa entre os investidores.
Sobre os juros, economista da Exame Research, Arthur Mota, afirma que “a baixa probabilidade de novos cortes não está tão relacionada com a inflação do alimento, mas com os riscos de problemas fiscais. O olho do BC está nas expectativas de inflação do final de 2021“.
“Se chegando à metade do ano que vem essa inflação ainda estiver muito distante da meta de 3,75%, ele pode se sentir até mais motivado em permanecer nos 2% por mais tempo”, relata.
Posicionamento do BC sobre a situação do país
Em caso de ultrapassagem do teto de gastos, Roberto Campos, presidente do Banco Central, afirmou que não aumentaria a taxa básica de juros, a Selic. Ele reforçou que este aumento estaria diretamente ligado à inflação.
Sobre a alta recente dos preços , Campos alegou que foi também por conta do auxílio emergencial, com a população tendo gasto mais com alimentação em casa, em detrimento de outros consumos que eram feitos antes da fase de pandemia.
“É importante contemporizar e analisar todos os fatores porque nós olhamos o núcleo de inflação e olhamos o cenário de inflação e, apesar de entendermos que existem essas pressões, nós estamos relativamente tranquilos com o cenário de inflação à frente”, afirma.