Um anúncio feito pelo secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, comunicou sobre o cancelamento do Censo 2021 na última sexta-feira, 23. Tal decisão é proveniente da falta de verba após o corte de 96% do orçamento.
Esta alteração resultou na redução de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões, que são considerados inviáveis para efetivar a pesquisa dentro dos parâmetros originais e necessários. Mesmo após a declaração do cancelamento, não há nenhuma previsão orçamentária para que o levantamento possa ser realizado em um futuro próximo.
“As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo 2021 não teve o recurso alocado no processo orçamentário. Novas decisões sobre alocação e realização do Censo serão comunicadas”, informou o secretário da Fazenda.
Para o ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Rabello de Castro, o cancelamento do Censo 2021 é uma situação trágica que pode ser tranquilamente comparada à pandemia da Covid-19.
Ele explicou que embora muitas pessoas não compreendam, é o procedimento de quantificação da população habitacional de cada município e Estado brasileira que viabiliza a qualificação de representantes nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional.
“Ela estabiliza as participações de acordo com o tamanho das respectivas populações. E não é só isso. O Censo Demográfico também revela a qualidade das habitações, as taxas de emprego ou desemprego da população, as características dos domicílios e das famílias, pautando todas as políticas públicas”, declarou Paulo Rabello.
Na oportunidade, o ex-presidente do IBGE ainda ressaltou que a realização do Censo 2021 seria capaz de abrir 200 mil postos de trabalho temporários que poderiam empregar, sobretudo, jovens perante a primeira tarefa profissional.
Paulo Rabello complementou sua justificativa lembrando que enquanto o Governo Federal viabiliza R$ 22 bilhões para o auxílio emergencial, o Centro 2021 teria um gasto de apenas R$ 2 bilhões.
É importante evidenciar a complexidade no corte do orçamento do Censo 2021, tendo em vista que esta decisão promoveu mudanças no comando do IBGE. Tal fato pode ser visto após Susana Guerra, ex-presidente do instituto, pedir demissão alegando motivos pessoais após o anúncio do Congresso Nacional sobre disponibilizar uma verba de apenas R$ 71 milhões para o Censo.
Em seguida, ela foi substituída pelo economista e demógrafo, Eduardo Rios Neto. Porém, devido à decisão de cancelar o processo seletivo para a contratação de 200 mil recenseadores e agentes, Eduardo também abandonou o cargo. Ambos não concordam com o andamento da situação mesmo e principalmente diante de tamanha crise nacional.