Especialistas recomendam momento certo para sacar FGTS e fazer render mais que na Caixa

Os saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, anunciados recentemente pelo governo, estão programados para começar em setembro. Com a data se aproximando, muitas pessoas se perguntam se vale a pena sacar o FGTS, já que essa decisão é opcional e não obrigatória. A resposta, no entanto, varia conforme a situação individual de cada um.

Especialistas recomendam momento certo para sacar FGTS e fazer render mais que na Caixa. Imagem: Jeane de Oliveira/FDR

Para decidir se vale a pena sacar o FGTS, é crucial entender que existem duas modalidades distintas de liberação. Essas duas opções são independentes entre si, permitindo que o beneficiário escolha sacar apenas uma delas, ambas, ou optar por não sacar em nenhuma das modalidades.

Modalidades disponíveis para sacar o FGTS

Os saques do FGTS agora permitem retirar até R$ 500 de cada conta vinculada. Por exemplo, se uma pessoa tiver três contas com pelo menos R$ 500 em cada, poderá sacar até R$ 1.500, mas apenas uma vez. A possibilidade de saque depende da data de aniversário, e esse saque não afeta o direito ao saque-rescisão em caso de demissão. 

Para contas com saldo de até um salário mínimo, o governo autorizou o saque integral – ou seja, até R$ 998 por conta, seja ativa ou inativa. Portanto, um trabalhador com R$ 998 em uma conta e R$ 3.000 em outra pode retirar todo o saldo da primeira e até R$ 500 da segunda.

Outra opção é o saque-aniversário, que permite retirar uma parte do saldo da conta do FGTS todo ano no mês do aniversário. O valor disponível depende do saldo total da conta, mas é importante notar que optar por essa modalidade significa perder o direito ao saque total em caso de demissão, mantendo apenas a multa de 40% em situações sem justa causa. 

É possível mudar para o saque-rescisão, que garante o saque total em caso de demissão, mas essa troca só pode ser feita após dois anos de adesão ao saque-aniversário. Ao considerar sacar FGTS, é importante ficar atento à recente alteração na distribuição dos lucros do fundo. 

O governo decidiu aumentar a parcela dos lucros que é compartilhada com os trabalhadores, tornando o rendimento do FGTS mais atraente e alinhando-se mais com a rentabilidade de investimentos conservadores, como a poupança.

Com essa mudança, o FGTS passa a oferecer um retorno financeiro mais competitivo, o que pode influenciar a decisão de retirar o dinheiro. O ajuste promete tornar o fundo uma opção mais vantajosa para quem busca segurança e rendimento semelhante ao das aplicações tradicionais.

Recomendações para sacar o FGTS

Para quem não tem uma reserva financeira:

Se você está considerando sacar FGTS, é recomendável pensar duas vezes antes de optar por qualquer modalidade de saque, seja o limite de R$ 500 ou o saque anual. O FGTS já funciona como uma reserva financeira com rendimentos consideráveis.

Ao invés de retirar esse dinheiro para gastos não essenciais ou para investir no Tesouro Direto, que oferece um retorno semelhante, pode ser mais vantajoso manter o saldo no FGTS e aproveitar os rendimentos acumulados. Avalie se essa reserva pode ser mais benéfica ao ser preservada em vez de retirada.

Para quem tem uma reserva financeira:

Se você já possui uma reserva financeira ou é um investidor, talvez seja mais vantajoso evitar sacar FGTS e esperar por oportunidades futuras. A recente mudança na remuneração do fundo, que agora distribui 100% dos lucros, pode levar a rendimentos de até 6% ou até mais, similar à Taxa Selic.

Dessa forma, manter o dinheiro no FGTS pode resultar em ganhos interessantes, comparáveis aos melhores investimentos disponíveis no mercado. Avalie se o retorno potencial do FGTS justifica a decisão de não retirar o valor no momento.

Quem tem dívidas:

Se você está considerando sacar FGTS para quitar uma dívida, e o valor disponível for suficiente para liquidá-la por completo, é recomendável realizar o saque e resolver a pendência de imediato. Isso pode ajudar a evitar juros altos, especialmente em dívidas como cheque especial e cartões de crédito.

Por outro lado, se o valor do saque não for suficiente para quitar a dívida na íntegra, é mais prudente manter o saldo do FGTS e buscar negociar a dívida em melhores condições posteriormente. O FGTS deve ser utilizado com cautela e não como um adiantamento para dívidas que estão sob controle dentro do seu orçamento.

Quem não tem dívidas:

Para quem está financeiramente estável, sem dívidas e consegue gerenciar bem seu orçamento mensal, a recomendação é sacar FGTS apenas os R$ 500 disponíveis na conta ativa ou mais, se tiver contas inativas. Aproveite essa quantia para investir no futuro, como uma preparação para a aposentadoria.

O saque-aniversário, por outro lado, pode não ser a melhor opção, pois não oferece benefícios adicionais. Com a nova política de distribuição integral dos lucros, o rendimento do FGTS já se torna mais atrativo, tornando o saque-aniversário desnecessário.

Quem está inseguro no emprego:

Se você está pensando em sacar FGTS, considere manter os R$ 500 disponíveis, especialmente com a nova política que distribui 100% dos lucros, podendo gerar rendimentos superiores à poupança, alcançando até 6%, como a Taxa Selic.

Além disso, evite optar pelo saque-aniversário, pois essa escolha pode comprometer a sua capacidade de receber a remuneração total em caso de demissão. Manter o saldo no FGTS pode ser mais vantajoso a longo prazo.

Quem está desempregado:

Se você está considerando sacar FGTS, a decisão pode variar dependendo da sua situação. Se estiver desempregado há três anos, você pode sacar 100% do saldo, conforme as regras antigas, que permanecem inalteradas. Se acabou de deixar um emprego e possui saldo em contas inativas, o saque pode ser relevante, dependendo do uso que dará ao dinheiro. Se precisar de uma renda anual e não tiver outras reservas, o saque-aniversário pode ser uma opção válida. No entanto, se estiver próximo de completar três anos de desemprego, é melhor evitar o saque-aniversário.

Outro aspecto importante é que, com a nova política de distribuição integral dos lucros, o FGTS agora oferece rendimentos comparáveis aos da poupança ou da Selic, sem sofrer com impostos, penhoras ou bloqueios. Por isso, manter o dinheiro no FGTS pode ser mais vantajoso, servindo como uma reserva para complementar sua aposentadoria.

Quem está com financiamento da casa própria em andamento:

Se você possui um financiamento, é recomendável evitar sacar FGTS, seja através dos R$ 500 ou do saque-aniversário. O uso do FGTS para amortizar a dívida da casa própria, seja para entrada ou prestações, continua disponível e não deve ser comprometido.

Manter o saldo do FGTS pode ser vantajoso para quem já tem um financiamento, garantindo que você possa utilizar o fundo para reduzir o valor da sua dívida imobiliária ou facilitar o pagamento das parcelas.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.