Os combustíveis estão entre os itens que mais pesam no bolso dos brasileiros atualmente. De acordo com o IBGE, nos 12 meses até abril de 2022, a gasolina ficou 31,22% mais cara, o etanol, 42,11% e o diesel, 53,58%. Esses aumentos, provocados especialmente pelos reajustes da Petrobras, impactam os demais preços da economia, incluindo os do delivery, serviço que cresceu no país com a pandemia.
Logo depois de a estatal anunciar um mega-reajuste nos combustíveis em março (o litro da gasolina foi elevado em 18% e o do diesel em 24%) as empresas de delivery também anunciaram os seus aumentos. Os preços das entregas por aplicativo ficaram até 50% maiores, e a Uber e a 99 teriam reajustado suas tarifas em 6,5% e 5%, respectivamente.
Quando se olha o acumulado de 12 meses até abril, o encarecimento desses serviços é ainda mais espantoso. As corridas por aplicativo ficaram 67,18% mais caras e as entregas por delivery chegaram a dobrar de preço.
Como o aumento dos combustíveis afeta a economia?
Os combustíveis são essenciais para qualquer economia moderna, e isso é ainda mais verdade no caso da brasileira. Cerca de 60% das mercadorias consumidas pelos brasileiros são transportadas nas rodovias, por caminhões. Os preços do frete subiram entre 20% e 28% em 12 meses até março, como um reflexo da variação do diesel, combustível usado pelos caminhoneiros.
Consequentemente, o preço das mercadorias também é reajustado. Boa parte da inflação que temos hoje, acima de dois dígitos desde o ano passado, se deve ao encarecimento dos combustíveis. Embora, claro, também se deva considerar outros fatores, como a inflação global, a guerra na Ucrânia e as condições climáticas desfavoráveis, que afetaram a produção de alimentos.
No caso do delivery, há um impacto mais direto. Para compensar a alta dos combustíveis, os entregadores cobram melhores remunerações das plataformas. O iFood, por exemplo, concedeu em março um reajuste de 50% no valor mínimo por quilômetro rodado, de R$ 1 para R$ 1,50, e outro de 13% no valor mínimo recebido por entrega, de R$ 5,31 para R$ 6.
Por que combustíveis estão mais caros?
A alta dos combustíveis é provocada principalmente pelos reajustes promovidos pela Petrobras, que se tornaram mais frequentes a partir de 2016. Naquele ano, a estatal passou por mudanças internas, para reequilibrar o seu caixa e favorecer a concorrência no setor.
Como resultado, os preços dos combustíveis vendidos para as distribuidoras passaram a ser reajustados conforme os preços internacionais desses produtos variavam. Nos últimos meses, por exemplo, eles vêm oscilando no mercado global devido, especialmente, à guerra na Ucrânia e as sanções contra a Rússia, maior exportadora de petróleo e derivados.