- Servidores federais estão em greve devido a promessa de aumento para policiais;
- Receita Federal foi o primeiro órgão a aderir à greve;
- Paralisação pode afetar atividades dos portos e aeroportos.
Os órgãos e entidades, sobretudo no âmbito federal, têm sido bombardeados por uma série de greves nas últimas semanas. Servidores públicos, motoristas e médicos são apenas algumas das categorias que decidiram paralisar as atividades em prol de reivindicações para as respectivas classes.
O que a princípio parecia ser uma fala inocente no intuito de conquistar a aprovação dos eleitores, se tornou em uma grande polêmica. Isso porque, as greves são o resultado da promessa de reajuste salarial feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, aos agentes de segurança pública federal.
A classe que nunca escondeu o forte apoio ao chefe do Executivo Nacional, ganhou a atenção de seu representante no que compete a melhorias salariais. Mas se engana quem pensou que esta investida do presidente passaria despercebida, pois ela provocou revolta nos demais servidores federais.
Motivação para a greve
O ápice da revolta consiste no fato de que o Governo Federal fez declarações contraditórias. Pois enquanto a equipe econômica dizia ter a intenção de vetar qualquer proposta de reajuste salarial devido à falta de verba, por outro lado o presidente da República, Jair Bolsonaro, declarava sem preocupações e a plenos pulmões que iria oferecer um aumento aos policiais federais.
Em determinado momento, a oferta chegou a receber o aval do Congresso Nacional, no que compete à liberação de uma determinada verba no Orçamento de 2022. A iniciativa tinha justamente o propósito de liberar o aumento no salário dos servidores da área de segurança pública no âmbito federal.
Foi então que outras categorias se revoltaram, alegando descaso por não terem sido incluídas nesta medida. Muito pelo contrário, algumas delas tiveram cortes no orçamento, como aconteceu na Receita Federal.
Receita Federal
Os primeiros efeitos da fala de Bolsonaro puderam ser vistos através da entrega de cargos da Receita Federal. De acordo com o Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a iniciativa contou com a participação de 500 chefes da Receita Federal.
Mas não foi só isso, o setor foi afetado pela falta de uma regulamentação de um bônus para o setor. A iniciativa ainda inspirou os analistas tributários a aderirem ao movimento de entrega de cargos. Estes profissionais atuam na chefia de agências e equipes regionais.
Atualmente, cerca de dois mil funcionários ocupam cargos de chefia na Receita, além de outros sete mil auditores e 5.500 analistas, segundo o Sindifisco. Em entrevista ao UOL no final de dezembro, o presidente do sindicato, Kleber Cabral, afirmou que, apesar da decisão destes profissionais, não há riscos para greves do órgão.
Contudo, a mobilização foi ampliada nesta terça-feira, 18, com a participação de novos servidores federais. Até a última semana, um total de 1.288 servidores da Receita Federal já haviam entregado os cargos de chefia em protesto contra o reajuste salarial dos agentes de segurança pública.
O número consiste em mais da metade de todos os cargos de chefia de todo o setor, que chega a dois mil. É importante explicar que esses funcionários continuam sendo servidores federais e recebem seus salários mesmo durante as greves. No entanto, abriram mão de receber a comissão voltada aos cargos de chefia do fisco.
Aeroportos
Diante da mesma motivação [o aumento no salário dos policiais], as greves provocadas por servidores federais passam por diversas categorias, podendo chegar aos aeroportos. Tal possibilidade foi confirmada pelo representante do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal, George Souza.
O representante declarou que os portos e aeroportos também podem ser atingidos pelas greves prejudicando não somente o transporte de cargas, como também o de passageiros. De acordo com o presidente da Fonacate, Rudinei Marques, tratar de um conjunto de greves não é uma tarefa fácil, tendo em vista que a iniciativa de uma simples categoria tem o poder de motivar tantas outras.
O presidente do sindicato destacou que, “o desejável é não precisarmos chegar ao ponto de incomodar ainda mais a sociedade, mas isso depende de o governo cumprir o que foi apalavrado no ano passado, por meio de vários encontros com seus representantes, inclusive com os ministros Paulo Guedes, Ciro Nogueira e o presidente da República”, ressaltou.