A Americanas voltou a ser destaque após a divulgacão dos dados relacionados a fraude contábil relatada pelos administradores judiciais da empresa. Os detalhes deixaram em choque até mesmo quem conhecia outros casos envolvendo companhias de varejo.
De acordo com especialistas, já dá para dizer com certeza que o rombo nas contas da Americanas foi oriundo de verbas publicitárias que normalmente são negociadas entre o varejo e a indústria.
Caso Americanas volta ao foco
Isto já foi o ponto central de outras fraudes ocorridas no setor, no entanto esta envolvendo a Americanas chama a atenção pelas altas cifras e pelo trabalho meticuloso para escondê-la. Até mesmo números operacionais da empresa varejista foram adulterados.
Em negociações feitas com fornecedores, é normal que exista um valor fechado para a venda de produtos e uma verba de publicidade que a indústria devolve para a empresa. São envolvidos nestas negociações coisas como melhores espaços nas gôndolas, propagandas no interior da loja e demais detalhes dos produtos.
No entanto, é comum que as empresas varejistas registrem essas verbas publicitárias antes que elas sejam efetivamente pagas. Acontece que é normal diversas compras serem canceladas e as verbas, que não chegaram a ser pagas, não são apagadas do balanço, se tornando dinheiro de mentira.
Fraude é detectada
Na última segunda, 12, houve uma reunião entre os assessores jurídicos da administração da Americanas com o conselho de administração. Neste encontro os assessores apresentaram um relatório com achados preliminares sobre as inconsistências contábeis reveladas pela varejista no início do ano. Segundo o documento, aconteceu uma fraude.
“Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas”, disse a Americanas em fato relevante remetido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), segundo o Estadão.
Foram detectados, segundo o relatório, vários contratos de “verba de propaganda cooperada” (VPC, as verbas de publicidade), que teriam sido criados de forma artificial para melhorar os resultados operacionais da Americanas como redutores de custo, mas sem a contratação efetiva com fornecedores.
“Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022″, afirmou a empresa em comunicado ao mercado, segundo o Estadão.
“É um rombo 20 vezes maior do que o que foi visto no Carrefour 13 anos atrás. O que surpreende”, afirmou ao Estadão Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).