- Ainda não se sabe qual será o impacto das paralisações na economia
- Especialista acredita que movimento não deve impactar fortemente as ações da Petrobras
Ainda é uma dúvida o quanto as paralisações que acontecem em diversos pontos do país podem ter prejudicado o mercado financeiro e a economia brasileira. Na visão de especialistas, os reflexos desta situação dependerão da duração dos bloqueios que começaram logo depois do resultado das eleições presidenciais no último domingo, 30, em que Lula saiu vencedor.
Na última segunda, 31, Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que forças policiais tomassem todas as medidas necessárias para desbloquear as rodovias. As manifestações não possuíam uma liderança clara e não foi aderida por toda a categoria de caminhoneiros.
Como não dá para saber com certeza quando as estradas serão liberadas totalmente, os efeitos que isso trará para o mercado financeiro e a economia ainda não uma unanimidade.
Na visão de Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, “as paralisações nas estradas podem fazer preço sim no mercado”. “Até o momento, o mercado ainda não deu muita importância, digerindo ainda a eleição, e talvez por ainda não estar fazendo o barulho necessário”, disse ele ao Invest News.
“O efeito ainda é pequeno, mas o mercado também está com esperança de essas paralisações acabarem assim que Bolsonaro fizer um discurso aceitando a vitória, o que parece que deve acontecer em breve. Mas se estender e for bem organizada, vai fazer preço negativamente”, complementou.
Já para o especialista em gestão de negócios, Rica Mello, não deve acontecer um impacto considerável sobre as ações da Petrobras, por exemplo, como aconteceu na greve dos caminhoneiros em 2018.
“Não tem nenhuma possibilidade de isso afetar a Petrobras. O movimento da Petrobras agora tem muito mais a ver com quem ganhou o governo, se o Lula ou o Bolsonaro, e não com greve de caminhoneiros. Essa greve é super pontual”, disse ele ao Invest News.
“Na minha empresa, eu contrato 30 ou 40 caminhões todos os dias. Estou tendo um pouquinho de dificuldade, mas é uma pequena dificuldade. Quase todos os fretes que tenho que fazer, estou fazendo”, relatou.
Para o diretor da Efficienza – Negócios Internacionais, Fábio Pizzamiglio, direciona os olhares para os possíveis impactos sobre a economia. A depender da duração das paralizações, é possível que aconteçam impactos para a inflação e o agronegócio.
“Com os bloqueios, o fluxo normal de caminhões é interrompido. As cargas que deveriam chegar aos seus destinos deixam de ser entregues. É um problema em cadeia, que impacta diretamente o consumidor final. Com o desabastecimento dos produtos no mercado, a tendência é de que os preços comecem a subir”, disse ele ao Invest News.
“Se as estradas permanecerem paradas, isso significa perdas para o agronegócio brasileiro e para o fornecimento nos mercados”, resume ele, e pondera: “esse impacto dependerá do tempo que essas paralisações permaneçam e, também, em quais estradas estão sendo realizadas”, finalizou.
CNC alerta para problemas decorrentes das paralisações
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) disse que o atraso nas entregas de mercadorias podem causar impactos maiores, em decorrência das alterações nos modelos de negócios dos varejistas depois da pandemia.
“Agrava o cenário do setor a maior dependência que as empresas passaram a ter de serviços de entregas, uma vez que passaram a operar com estoques reduzidos”, disse a entidade a CNN.
“A Confederação acrescenta que o registro dessas perdas tende a ser gradual, na medida em que o varejo conta com estoques que, dependendo da duração dos bloqueios, serão consumidos até a normalização do fluxo de mercadorias. Mas observa que as perdas não se restringem à fonte de receitas, impactando também a elevação dos custos, especialmente, daqueles relacionados ao transporte.”
Por fim, a CNC relembrou que na paralisação dos caminhoneiros em 2018, quando os caminhões de entregas não chegaram as cidades e aconteceu o desabastecimento de vários produtos, incluíndo de combustíveis, o preço da gasolina subiu 3,34% e, do óleo diesel, 6,16%.