- Anos eleitorais tendem a causar maior instabilidade no mercado;
- O próprio perfil de risco do investidor deve ser considerado para as decisões;
- Investidores também devem se atentar ao risco de recessão global.
Este mês de outubro está sendo marcado pelas eleições 2022. Geralmente, períodos como este causam grande volatilidade no mercado. Por conta disso, o investidor precisa estar mais atento antes de realizar as aplicações, segundo especialistas consultados pelo Estadão.
O investidor deve estar atento não somente no mês em que acontece as eleições, mas também nos próximos. O sócio-fundador e head de renda variável da W1 Capital, Caio Tonet, alerta que também há volatilidade nos três meses seguintes ao pleito.
Essa instabilidade no mercado acontece por conta da busca, pelo mercado, em compreender o que aguardar nos quatro anos seguintes.
Segundo apurado pelo Departamento Econômico do Bradesco, com base nos últimos seis ciclos eleitorais — antes do atual —, foi observada uma grande variação da performance dos ativos.
Os economistas do Bradesco também indicaram que os anos eleitorais impactaram as perspectivas de crescimento e inflação. Foi vista uma grande dispersão, a partir de certo período do ano.
O relatório aponta que, mesmo nas eleições mais recentes, não parece ter modificado o padrão de reação dos ativos financeiros.
De qualquer modo, os economistas alegam que “cada ciclo eleitoral é distinto, por sua natureza, e o ponto inicial da política econômica, juros, dívida pública e inflação importam bastante para o desempenho do quadro geral”.
Investidor deve considerar o próprio perfil de risco
Para evitar os riscos causados pelo cenário eleitoral, a grande recomendação é que o investidor não faça alterações drásticas durante o mês de outubro.
A pessoa também precisa agir de acordo com o próprio perfil de risco. O perfil de risco se refere à categorização que o investidor recebe ao investir os valores — conforme o risco que ele está disposto a tomar com os investimentos. O perfil da pessoa pode ser:
- Conservador: que prefere dar mais importância para a segurança. Sendo assim, a pessoa tende preferir ativos que proporcionem baixo risco. Geralmente, o foco é não registrar qualquer prejuízo.
- Moderado: que incorpora características do investidor conservador e do arrojado. Ou seja, ele também se interessa fortemente pela segurança, mas está disposto a abrir mão de uma parte dela em certos momentos — na procura por melhores retornos.
- Arrojado: que possui mais tolerância ao risco, com mais abertura para aplicação na bolsa de valores, por exemplo. Esse investidor conta com mais maturidade para compreender a dinâmica do mercado.
Investidor não deve realizar “trade eleitoral”
O analista de investimentos da SVN, Pedro Tiezzi, alega que o investidor não deve buscar fazer qualquer espécie de “trade eleitoral”. Em outras palavras, a pessoa não deve realizar investimento em certos ativos que possam perder ou ganhar com o possível novo governo.
Segundo o especialista, a volatilidade adquirida pelo mercado nessas situações eleitorais podem causar prejuízos ao investidor.
Ele informa que as eleições possuem relevância pequena na formação de preço de longo prazo. Por conta disso, a indicação é que o investidor evite intensos tradings com foco no curto prazo.
Investidor deve se atentar ao risco de recessão mundial
Ao longo do oitavo mês do ano, o investidor também precisa monitorar o progresso da taxa de juros e inflação nos Estados Unidos de Europa. O mercado vem considerando que o aperto monetário começado nos países estrangeiros pode resultar em recessão global.
De acordo com o sócio da HCI Invest e planejador pela Associação Brasileira do Planejamento Financeiro (Planejar), Luccas Fiorelli, o panorama externo pode causar mais peso no Ibovespa — principal índice da bolsa de valores brasileira — do que as eleições 2022.
Em setembro, o Banco Mundial informou que o planeta pode estar se aproximando de uma recessão mundial. Isso ao mesmo passo em que os bancos centrais vêm elevando os juros simultaneamente. O ciclo de aumento da taxa de juros acontece como forma de conter a inflação.
A entidade cita que as três principais economias globais (Estados Unidos, China e zona do euro) passam por forte desaceleração e até mesmo um “golpe moderado da economia global no próximo ano pode levá-la à recessão”.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, alegou que, se a tendência atual se manter, as economias em desenvolvimento e mercados emergentes podem ser grandemente afetados.
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