Não é só aqui: EUA também querem cortar impostos para baixar o preço da gasolina

O presidente deseja cortar impostos dos combustíveis como forma de aliviar o peso desses itens no orçamento das famílias. Ao mesmo, pede para que os estados também cortem os seus impostos e critica o alto lucro auferido pelas empresas do setor. Isso soa bem familiar, não é mesmo? Mas não estamos falando do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, mas sim do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Na quarta-feira (22), o preço do petróleo tipo Brent (principal referência no mundo) recuou 2,54%, para US$ 111,74 dólares o barril, e o preço do petróleo WTI (referência nos Estados Unidos) recuou 3,04%, para US$ 106,19, depois que Biden expressou sua intenção de eliminar os impostos federais sobre diesel e gasolina por três meses. A gasolina teria redução de US$ 0,18 por galão em impostos, enquanto o diesel teria redução de US$ 24.

Mas a medida, segundo especialistas, não teria muito efeito prático e até poderia elevar o preço dos combustíveis. Algumas evidências apontam para isso.

A redução de impostos pode, evidentemente, diminuir o preço da gasolina e do diesel, mas essa redução tende a durar pouco. Com preços menores, a demanda pelos combustíveis deve aumentar e, como a oferta mundial de petróleo não demonstra sinais de que pode acompanhar esse aumento, o preços devem subir no médio prazo.

Outro fator a se considerar é que não há garantia de que a isenção de tributos seja totalmente repassada aos consumidores. As empresas do setor podem simplesmente aproveitar a medida para aumentar seus lucros ou para melhorar a saúde dos seus caixas.

Joe Biden, inclusive, vem criticando as petroleiras, que estariam obtendo lucros exorbitantes nesse momento delicado para a população americana. O governante também pediu que elas aumentem a produção, como forma de reduzir os preços aos consumidores. Até agora, os clamores não têm surtido muito efeito.

O exemplo alemão

Algo semelhante ocorreu na Alemanha, onde o governo cortou impostos sobre combustíveis nos meses de junho, julho e agosto. Mas depois de uma redução significativa nos primeiros dias da medida, os preços voltaram ao mesmo patamar anterior.

O governo alemão até culpou o “cartel” de empresas do setor, mas a verdade é que ele não tem o poder de obrigá-las a reduzir os preços aos consumidores.

Popularidade em baixa

Os Estados Unidos vivem a pior inflação dos últimos 40 anos, e isso impacta diretamente na popularidade do governo Biden, atualmente em 39,2%. Nesse sentido, reduzir o preço dos combustíveis, um dos principais fatores da inflação, tornou-se uma das prioridades do democrata.

Os preços já vinham subindo desde o ano passado, mas pioraram após o início da guerra na Ucrânia e a aplicação de sanções contra a Rússia, que retiram grandes quantidades de commodities do mercado mundial, incluindo o petróleo russo.

Perdas na bolsa

Ao mesmo tempo que o petróleo ficou mais barato após as falas de Biden, o desempenho das petroleiras americanas e de outros países foi negativo nas principais bolsas de valores.

Na B3, as ações da 3R Petroleum e da PetroRio tiveram perdas de 6,68% e 6,42%, respectivamente, enquanto os papeis da Petrobras recuaram 0,47% (PETR3) e 0,30% (PETR4).

Esse movimento reflete o temor de uma recessão global, provocada pela alta dos juros em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

Amaury Nogueira
Nascido em Manga, norte de Minas Gerais, mora em Belo Horizonte há quase 10 anos. É graduando em Letras - Bacharelado em Edição, pela UFMG. Trabalha há três anos como redator e possui experiência com SEO, revisão e edição de texto. Nas horas vagas, escreve, desenha e pratica outras artes.
Sair da versão mobile