Desde fevereiro de 2021, quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou a demissão de Roberto Castello Branco, do comando da Petrobras, o preço médio do diesel aumentou 74% nos postos de combustíveis. Este foi o primeiro presidente da empresa indicado pelo governo atual.
No período analisado, desde a demissão de Castello Branco, o preço do diesel subiu de R$ 3,95 para R$ 6,89 nas bombas. O levantamento foi realizado pela GloboNews, baseado em dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A pesquisa também leva em conta os números da Necton Investimentos. Esse levantamento mostra que o preço do barril de petróleo aumentou 59% no mesmo período. Este valor elevou de R$ 368,97 para R$ 587,24. Ou seja, o barril do petróleo subiu em ritmo menor do que o diesel desde então.
Desde o segundo mês do ano passado, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentou 14,08%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Jair Bolsonaro vem criticando frequentemente os reajustes dos combustíveis — principalmente o diesel. Isso causou mudanças sucessivas no comando da Petrobras.
Motivos para o aumento do preço do diesel
Ao GloboNews, o engenheiro e ex-diretor geral da ANP, Décio Oddone, a disparada do valor do diesel acontece por conta de fatores diversos combinados. Ele cita o aumento do valor do refino — puxado pelas incertezas decorrentes da guerra da Ucrânia — e a instabilidade política no país.
Oddone cita que o consumidor não adquire petróleo, mas compra derivados do mesmo. Segundo ele, o valor aparente do petróleo para o consumidor leva em conta o preço do derivado. Este varia conforme a cotação do produto no mercado internacional.
No Brasil, esse preço ainda sofre o impacto da variação do câmbio. O especialista ainda cita que deve ser considerada a margem de refino. Esta é cobrada pelas refinarias para transformar o petróleo em derivado.
Conforme Oddone, desde fevereiro, quando a Rússia começou a invadir a Ucrânia, não para de aumentar o preço da chamada margem de refino.
O ex-diretor geral da ANP ainda destaca que não é positiva a ameaça de intervenções no ambiente econômico. Ele declara que isso impacta a economia, a formação de preços — e também se reflete em uma maior taxa de câmbio, que potencializa o processo inflacionário.