- Análise do FDR identifica contradições durante os 3 anos e meio de governo Bolsonaro;
- Indicações do Centrão em troca de aliados políticos é uma das contradições de Bolsonaro;
- Gastos do presidente no cartão corporativo chamam a atenção durante a corrida eleitoral.
O atual presidente da República, Jair Bolsonaro, é pré-candidato às eleições de 2022 na expectativa de se manter no cargo. Porém, o personagem que concorre novamente ao pleito eleitoral é bastante diferente daquele que conhecemos no decorrer de 2018.
Aparentemente confiante de que fez um bom trabalho e que se manterá na presidência, Bolsonaro tem um mandato de contradições. Durante três anos e meio de governo, o presidente adotou medidas bem diferentes das promessas que clamou a plenos pulmões em 2018.
Redução dos ministérios
Temas que eram alvos ferrenhos de críticas como, o aumento na quantidade de ministérios, a entrega de cargos em troca de apoio político são algumas das práticas que ele defendeu abertamente durante o mandato. As substituições nos ministérios da Saúde e Educação, bem como na presidência da Petrobras se destacam neste cenário.
Há cerca de duas semanas ele ainda anunciou a possibilidade de retomar três ministérios caso seja reeleito à presidência da República. Este é mais um exemplo que o coloca cada vez mais longe da promessa feita durante a campanha eleitoral de 2018, que dispunha sobre a redução do número de pastas para 15.
Naquele ano o lema do governo era “o país funcionará melhor com menos ministérios”, acrescentando que no governo dele haveria “no máximo 15 ministros”. Contrariando as promessas, ele iniciou a gestão com 22 ministérios, e agora defende que as retomadas têm o propósito de auxiliar no gerenciamento de um país melhor.
Centrão como aliado político
Outro ponto abordado por ele era o de que, o número elevado de estruturas no primeiro escalão representava a “forma perniciosa e corrupta de se fazer política nas últimas décadas, caracterizada pelo loteamento do Estado, o popular ‘toma lá, da cá’”.
Mas com o passar do tempo, Bolsonaro deixou de lado estas severas críticas e passou a receber indicações do Centrão em troca de uma base de aliados no Congresso Nacional.
Após defender o fim das indicações políticas, em determinado momento na campanha eleitoral, ele se referiu ao Centrão como “alta nata de tudo que não presta”.
Nota-se que as atitudes do presidente mostram uma certa ilusão e inexperiência durante toda a carreira política. Ou apenas uma vantagem de ao se fazer de mocinho enquanto conquistava o apoio dos eleitores, para então agir como realmente desejava.
Cartão corporativo para uso pessoal
Depois de eleito, Bolsonaro também mudou o discurso sobre outro tema que também era bastante criticado por ele, os gastos no cartão corporativo da presidência. Lembrando que no ano de 2008 quando atuava como deputado, Bolsonaro cobrou o governo do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva por se opor às investigações sobre os cartões.
Recentemente, o presidente voltou a ser criticado após dados do Portal da Transparência indicarem que a média de gastos no cartão corporativo bateu o recorde mensal de R$ 1,2 milhão entre janeiro e maio de 2022. Os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo já são recorrentes desde o primeiro ano de mandato. Com o passar dos anos os valores só têm aumentado.
Propostas de Bolsonaro para as eleições de 2022
Bolsonaro não tem uma imagem política boa perante os eleitores. Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em março apontou que 46% dos brasileiros apontam o atual governo como ruim ou péssimo. Somente 25% dos entrevistados aprovam as medidas adotadas pelo presidente.
As propostas de Bolsonaro para recuperar a economia já são bastante conhecidas, pois são basicamente as mesmas usadas na campanha que o elegeu em 2018. E apesar de muitos eleitores ainda não terem se atentado, a maior parte ainda não foi cumprida até hoje.
Veja os pontos mais acentuados por Bolsonaro:
- Desoneração da folha de pagamento;
- Criação da carteira de trabalho verde e amarela;
- Redução da dívida pública em 20%;
- Equilíbrio no reajuste dos impostos;
- Introduzir um modelo de capitalização na Previdência;
- Unificação dos tributos federais;
- Redução do Imposto de Renda.
Em contrapartida, das promessas de campanha feitas ainda em 2018, Bolsonaro conseguiu cumprir:
- Reduzir alíquotas de importação e barreiras não tarifárias;
- Simplificar a abertura e o fechamento de empresas;
- Não recriação da CPMF;
- Fazer com que os preços praticados pela Petrobras sigam os mercados internacionais;
- Reduzir a carga tributária bruta;
- Acabar com o monopólio da Petrobras na cadeia de produção do gás natural;
- Vender ativos da Petrobras;
- Ter independência formal do Banco Central.
Políticas públicas sociais como estratégia de campanha
Em quatro anos de mandato, especialmente nos últimos dois anos, Bolsonaro se concentrou em acabar ou reestruturar as políticas públicas criadas durante a gestão petista. Um exemplo é a substituição do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil, deixando o programa “com a sua cara”, como fez questão de reforçar durante todos os trâmites de regularização da transferência.
O Auxílio Brasil acabou de passar por uma nova ampliação e já ultrapassa os 18 milhões de beneficiários. Cada família receberá, a partir deste mês, a mensalidade fixa e permanente de R$ 400. No entanto, é preciso que estejam inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) e com os dados regularizados.
Logo após o lançamento do Auxílio Brasil em novembro de 2021, Bolsonaro também conseguiu implementar o Vale Gás, também direcionado à população de baixa renda. O programa concede um benefício equivalente a 50% do valor médio atual do botijão de gás. Assim, famílias que enfrentam dificuldades na compra desse insumo essencial, passam a ter um amparo bimestral.