Especialistas apresentam possível solução para acabar com a crise econômica e social do Brasil; descubra

Aumentar o salário mínimo é bom ou ruim para a economia? De acordo com o economista Marcelo Medeiros, professor visitante na Universidade Columbia (EUA), o aumento real do mínimo, ou seja, acima da inflação, é uma medida positiva para a economia brasileira e que tende a ser mais eficaz que programas sociais como o Auxílio Brasil.

Em entrevista à BBC, Medeiros opina que a inflação brasileira não é de demanda, mas de custos, e que aumentos pequenos do salário mínimo não tendem a aumentar o desemprego, mas beneficiar toda a economia, devido ao crescimento do consumo por parte das famílias.

“A redução [do salário mínimo] diminui o consumo e desacelera a economia. A inflação brasileira é uma inflação de custos – o preço das coisas, como contas e compras, vai aumentando. Então, se o salário mínimo diminui, isso pode ter efeito recessivo, que é algo que o Brasil não quer de jeito nenhum nesse momento”, esclarece.

Na opinião do economista, elevar o piso nacional gera um efeito mais positivo para todos os trabalhadores do que programas assistenciais como o Auxílio Brasil, focados nas faixas de pobreza e extrema pobreza.

“O ponto é que nós não temos que combater apenas a pobreza, mas também melhorar a situação de todos os brasileiros que têm renda”, opinou.

Salário mínimo desvalorizado

Segundo relatório da corretora Tullet Prebon Brasil, o atual governo terminará com um encolhimento real de 1,7% do salário mínimo. Descontando a inflação, haveria uma redução de R$ 1.213,84, em 2018, para R$ 1.193,37, ao fim de 2022.

Será a primeira vez que isso ocorre desde 1994, ano da implantação do Plano Real no país. Desde então, houve crescimento real de 50,9% do salário mínimo nos 8 anos de Fernando Henrique Cardoso na presidência, 57,8% de crescimento real nos 8 anos de Lula e mais 12,67% na gestão de Dilma Rousseff, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioconômicos).

A entidade também apontou que a tendência de aumento real do mínimo mudou consideravelmente após 2016. Antes de Bolsonaro, o piso nacional havia crescido apenas 3,28% na gestão de Michel Temer.

Ainda segundo o Dieese, a cesta básica ficou 83,19% mais cara entre o início de 2017 e o primeiro trimestre de 2022, enquanto o salário mínimo teve aumento nominal de 37,73% nesse período.

A escalada dos preços, sobretudo de alimentos, se intensificou nos últimos meses, comprometendo ainda mais a renda dos trabalhadores. Em abril deste ano, quem ganhava um salário mínimo gastou 61% da renda líquida para adquirir a cesta básica. Doze meses atrás, esse gasto era de 54%.

Ou seja, deixar de valorizar o salário mínimo não apenas não teve impacto sobre o ritmo da inflação, como piorou as condições de vida das classes mais baixas, cujos rendimentos são fortemente ligados ao valor do mínimo.

Amaury Nogueira
Nascido em Manga, norte de Minas Gerais, mora em Belo Horizonte há quase 10 anos. É graduando em Letras - Bacharelado em Edição, pela UFMG. Trabalha há três anos como redator e possui experiência com SEO, revisão e edição de texto. Nas horas vagas, escreve, desenha e pratica outras artes.
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