Levantamento realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que, de janeiro a abril de 2022, 40,8% dos reajustes de salário das categorias de trabalhadores ficaram abaixo da inflação.
Por outro lado, apenas 27,6% dos reajustes ficaram acima da inflação, enquanto 31,6% dos salários pesquisados tiveram variação igual ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Os resultados de abril são ainda piores. Nesse mês, apenas 8% das categorias analisadas conseguiram reajuste acima da inflação. É a quantidade mais baixa desde novembro do ano passado, quando apenas 4% das categorias conseguiram aumento real de salários, e está muito abaixo do registrado em janeiro deste ano, quando 1/3 das categorias conseguiram reajuste real.
Considerando todos reajustes, os salários tiveram variação real média de -0,76% em abril, resultado pratica de março (-0,75). Nas últimas 15 data-bases analisadas, ou seja, nos últimos 15 meses, esse indicador também foi negativo, o que indica que os trabalhadores estão tendo perdas reais de renda, mesmo com a recuperação da pandemia.
Em maio, a tendência negativa de reajustes salariais deve persistir, considerando o patamar ainda elevado da inflação (12,47% no acumulado de 12 meses do INPC até abril).
Reajustes por setores da economia
Entre os setores da economia, de janeiro a abril, o comércio foi o que teve a maior proporção de reajustes acima ou iguais à inflação: 67%. A indústria vem em segundo lugar, com 64%.
Quando se considera apenas os reajustes reais, o comércio vem em primeiro lugar, com 29,8% das ocorrências. Esse setor, no entanto, também teve o maior número de reajustes abaixo do INPC: 45,1%.
Com relação aos pisos salariais, nos quatro primeiros meses do ano, o comércio obteve o maior valor (R$ 1.481,54), o setor de serviços veio em seguida (R$ 1.418) e a indústria teve o pior resultado (R$ 1.380,19). No geral, o piso salarial das categorias analisadas ficou em R$ 1.414,77.
Sul e Sudeste se destacam
Com relação às regiões do país, o Sul foi a que teve a maior proporção de reajustes iguais ou acima da inflação: 77%. A região Sudeste, por sua vez, teve a maior proporção de reajustes reais (38,7%).
O levantamento do Diesse também mostra como a situação foi pior em regiões consideradas menos desenvolvidas. Centro-Oeste (63,7%), Norte (50,7%) e Nordeste (47,5%) tiveram a maior proporção de reajustes abaixo do INPC.