Jogos de azar: relator prevê contribuição de imposto de renda para prêmios; confira

A Câmara dos Deputados vive um impasse nos últimos dias devido à discussão do projeto de lei que legaliza jogos de azar no país. Os defensores argumentam que a medida pode trazer grandes ganhos econômicos e de arrecadação fiscal, enquanto as bancadas religiosas se opõem fortemente à aprovação.

Ontem à noite, o relator do projeto, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), divulgou o seu parecer com algumas alterações, mas mantendo a maior parte do texto aprovado numa comissão especial ainda em 2016.

O PL estabelece que o governo federal deverá fiscalizar os estabelecimentos que explorem os jogos de azar através de um órgão específico. Estabelece também tributos e regras para funcionamento dos estabelecimentos.

Os apostadores deverão pagar um imposto de renda de 20% sobre prêmios recebidos acima de R$ 10 mil, descontando-se o valor gasto para apostar.

Será cobrado um imposto chamado Cide-Jogos, de 17%, sobre a receita operacional bruta das empresas. Estados e municípios serão os maiores beneficiários, cada um recebendo 20% da arrecadação desse imposto. O restante será destinado à Embratur, tratamento e prevenção de vício em jogos, programas esportivos, Fundo Nacional de Segurança Pública, entre outros.

Os estabelecimentos deverão pagar, ainda, uma taxa de fiscalização, com valor variável de acordo com a atividade. Jogo do bicho e bingo, por exemplo, pagarão taxa de R$ 20 mil. Cassinos, jogos online e jogos de cota fixa pagarão R$ 600 mil.

O relatório também estabelece regras sobre quantidade de estabelecimentos, de acordo com o tamanho da população de cada estado. Uma nova licença para jogo do bicho, por exemplo, poderá ser emitida a cada 700 mil habitantes, enquanto estados com mais de 25 milhões de habitantes poderão ter três cassinos, a quantidade máxima.

O projeto também altera o Código Penal, estabelecendo multa e quatro a sete anos de prisão para crimes de lavagem de dinheiro e fraudes envolvendo jogos de azar.

Futuro incerto

A grande divisão em torno da aprovação do projeto de lei torna seu futuro incerto. De um lado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e outros membros do Centrão se mostram favoráveis. Do outro lado, deputados evangélicos e católicos se unem a setores da esquerda para rejeitar ou, pelo menos, adiar a votação.

Mesmo se passar pelo Congresso, o PL pode ainda ser vetado pelo presidente Bolsonaro, como forma de agradar os evangélicos.

Amaury NogueiraAmaury Nogueira
Nascido em Manga, norte de Minas Gerais, mora em Belo Horizonte há quase 10 anos. É graduando em Letras - Bacharelado em Edição, pela UFMG. Trabalha há três anos como redator e possui experiência com SEO, revisão e edição de texto. Nas horas vagas, escreve, desenha e pratica outras artes.