A crise envolvendo o reajuste dos servidores públicos continua, mesmo após a sanção do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento da União em 2022. No texto, foi mantido o reajuste previsto de R$ 1,7 bilhão para salários de servidores, o mesmo valor anunciado em dezembro.
A novidade agora é que a dotação não especifica como o dinheiro será distribuído, para quais categorias ou quais os valores de cada reajuste. O montante corresponde ao mesmo valor anunciado em dezembro, quando foi acordado que apenas servidores da segurança pública (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Federal) seriam contemplados.
Acredita-se que o governo vai esperar até o último momento para anunciar como as verbas do reajuste serão alocadas. Esse prazo termina no fim de março, antes do início oficial da corrida eleitoral (2 de abril), quando o governo fica proibido de conceder aumentos nas remunerações.
É provável que mais categorias sejam contempladas, além dos servidores da segurança pública, como uma forma de acalmar os ânimos do funcionalismo. Mas o valor anunciado está bem longe do que os servidores descontentes pedem. Segundo o Ministério da Economia, seriam necessários R$ 4 bilhões para dar reajuste a todas as categorias.
Até mesmo entre profissionais da segurança pública existe pressão para que o presidente Bolsonaro cumpra a promessa de reajuste.
Greve à vista
Os servidores públicos pressionam o governo desde que foi anunciado o reajuste para uma pequena parcela do funcionalismo (justamente aquela que mais simpatiza com o presidente). Desde então, foram anunciadas paralisações e protestos, que ocorreram online e presencialmente em todo o país.
Na última terça (18) servidores paralisaram por duas horas e protestaram em frente à sede do Banco Central, em Brasília. Logo depois, se reuniram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para quem entregaram uma demanda de reajuste linear de 19% para todas as categorias.
Para essa semana, está marcada uma nova paralisação na quinta-feira (27), dessa vez de quatro horas e apenas online. Segundo Laura Gusmão, representante da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores de Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), se até o dia 9 de março o governo não tomar uma decisão favorável, haverá greve geral.
A maioria dos servidores não tem reajuste desde 2017. Para esses, a perda de poder aquisitivo dos salários foi de cerca de 27%, devido ao avanço da inflação no período.