Brasil corre risco de apagão? Entenda como a crise hídrica ameaça os brasileiros

Pontos-chave
  • Nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste causa preocupação;
  • Especialistas entendem que o país corre riscos no fornecimento elétrico;
  • O governo não vem considerando a possibilidade de racionamento.

Atualmente, o Brasil passa pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos. No país, grande parte da energia elétrica gerada é proveniente de hidrelétricas. Diante deste cenário, muitos brasileiros estão preocupados com as possíveis consequências. Entenda se o Brasil corre risco de apagão.

Brasil corre risco de apagão? Entenda como a crise hídrica ameaça os brasileiros
Brasil corre risco de apagão? Entenda como a crise hídrica ameaça os brasileiros (Imagem: eric anada/Pexels)

Atualmente, os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste — que representam 70% de geração de energia do Brasil — contam com 21,5% da capacidade de armazenamento, de acordo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Este patamar é menor do que registrado em agosto de 2021, quando houve racionamento de energia no país

Conforme projeção do ONS, os reservatórios destas duas regiões chegarão a 10,3% da capacidade em novembro. Como forma de lidar com problema atual, o governo tem acionado as usinas termelétricas — que são mais poluentes e mais caras.

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Brasil corre risco de apagão?

Segundo especialistas consultados pelo G1, o Brasil pode ter problemas no fornecimento de energia elétrica. Eles também entendem que o governo está demorando a realizar ações efetivas para evitar o esgotamento do sistema elétrico.

O pesquisador do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-superintendente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Renato Queiroz, demonstra preocupação com o nível de armazenamento dos dois reservatórios.

Em relação a perspectiva do ONS sobre o sistema chegar a 10%, ele entende que “isso é muito grave, porque você começa a perder o controle técnico.

A partir de outubro, o sistema elétrico deve operar a reserva operativa — ou seja, no limite —, segundo o diretor-presidente da consultoria PSR e ex-presidente da EPE, Luiz Augusto Barroso.

Neste cenário, há aumento da vulnerabilidade do sistema e chances de falhas no fornecimento elétrico.

Na semana passada, o ONS admitiu que houve piora da gravidade da crise hídrica nas últimas semanas. Por chover menos do que o esperado, em agosto, teve uma aceleração do esvaziamento dos principais reservatórios do Brasil.

Caso não aconteça oferta adicional de energia a partir de setembro, o ONS acredita que a geração não será suficiente em outubro e novembro — para atendimento da demanda. Sendo assim, o Brasil corre risco de apagões.

Ao Diário do Nordeste, o coordenador de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e diretor técnico da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) Joaquim Rolim, algumas medidas são importantes para melhorar ou piorar os riscos de um apagão elétrico.

Além dos aportes nos reservatórios, ele cita outras variáveis, como o consumo de energia e a geração maior, assim como as ações tomadas pelo governo federal.

A crise hídrica no país tem impacto direto na energia elétrica ao consumidor
A crise hídrica no país tem impacto direto na energia elétrica ao consumidor (Imagem: Mohamed Khaled/Pexels)

Possibilidade de racionamento de energia

O racionamento se refere à uma redução de consumo compulsória. Ao Globo, o diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araújo, alega que o país está operando no limite. Segundo ele, o “risco de apagão é a porta de entrada para o racionamento”.

Para Renato Queiroz, da EPE, caso o período chuvoso — que terá início em novembro — não seja bom, o país poderá ter que contar com o racionamento compulsório de energia em 2022.

No entendimento do sócio-fundador e diretor do CBIE Advisory, Bruno Pascon, ao G1, o racionamento é uma necessidade imediata. Para ele, esta medida busca evitar um corte ainda maior futuramente.

Apesar disso, o governo não vem considerando a possibilidade de racionamento. No fim de agosto, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, havia afirmado que o reajuste das bandeiras tarifas não é uma forma de “racionamento por preço”.

Nesta terça-feira (31), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a criação de uma nova bandeira será implantada a partir de 1º de setembro. O valor da bandeira é de R$ 14,20 a cada 100 kWh. Sendo assim, ela será 49,6% mais cara que a vermelha patamar 2.

Esta medida estará em vigor até abril de 2022. A agência projeta que as contas de energia tenham um aumento médio de 6,78% a partir deste mês.

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Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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