Quais as chances do Ministério da Saúde liberar 3ª dose da vacina da Coronavac?

Pontos-chave
  • Estudo verificará eficácia da CoronaVac;
  • Especialistas acreditam na possibilidade de uma terceira dose da vacina;
  • Resultado do estudo deve ser divulgado em novembro.

Há algumas semanas especialistas da área da saúde têm cogitado a aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 de determinadas marcas. Por esta razão, o Ministério da Saúde encomendou uma pesquisa para estudar tal necessidade. 

Quais as chances do Ministério da Saúde liberar 3ª dose da vacina da Coronavac?
Quais as chances do Ministério da Saúde liberar 3ª dose da vacina da Coronavac? (Imagem: Twitter – Yang Wanming)

Estudos recentes indicaram que a eficácia da CoronaVac pode ser comprometida após cerca de seis meses, mesmo com a aplicação das duas doses.

Sendo assim, o estudo irá verificar a necessidade de uma dose de reforço não apenas da CoronaVac, como também da Pfizer, AstraZeneca e Janssen, que promete imunidade em dose única. 

Na oportunidade, a pesquisadora brasileira na Universidade de Oxford, Sue Ann Clemens, ressaltou a necessidade de conhecer precisamente o período de proteção de cada vacina. Ela mencionou que já existem estudos apontando que o prazo de validade da atuação da Pfizer, AstraZeneca e Janssen é de apenas um ano. 

“Em relação à CoronaVac, nós precisamos então avaliar isso. Existem estudos que já mostraram que a proteção [da CoronaVac] começa a cair com seis meses. Então, estaremos vacinando pessoas que já tenham tomado duas doses da CoronaVac, seis meses depois da segunda dose”, explicou a pesquisadora.

Eficácia da CoronaVac

A CoronaVac foi a primeira vacina a ser adquirida pelo país e aplicada na população brasileira, especialmente no grupo prioritário composto por idosos e profissionais da saúde em um primeiro momento. Originalmente, a vacina é desenvolvida pelo laboratório Chinês, Sinovac, para ser enviada e envasada no Brasil.

Divulgado esta semana, um estudo chinês relatou o modelo de atuação dos anticorpos gerados pela CoronaVac. O levantamento indica uma queda significativa  após seis meses de aplicação da segunda dose se comparado às demais marcas do imunizante. Por esta razão acreditam que uma terceira dose pode ser necessária.

Uma pesquisa no mesmo sentido foi realizada e divulgada pelo Chile este mês, que também utiliza prioritariamente a vacina da CoronaVac no calendário de vacinação. Os especialistas do país também identificaram o mesmo problema relacionado à eficácia do imunizante. 

No Brasil, a CoronaVac é a segunda vacina mais utilizada no calendário de imunização, com 37,8%, ficando atrás apenas da AstraZeneca, com 48,1%. Em seguida vem a Pfizer com 11,1% de uso e a Janssen, pouco adotada nas campanhas, com 3%.

Estudos realizados no Brasil mostraram que a eficácia da CoronaVac está pouco acima do patamar mínimo estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ficando em 50,38%.

Mas se tratando da ação perante casos leves, a eficácia gira em torno de 78%, e 100% eficaz tratando casos graves que resultaram na internação e morte provenientes da doença.

Para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para os brasileiros que receberam as duas doses da vacina da CoronaVac no início da campanha, “nós vamos agora fazer um estudo para avaliar a terceira dose da CoronaVac ou dos outros três imunizantes do PNI [Programa Nacional de Imunização]”, declarou.

O estudo deve ser iniciado nos próximos 15 dias com a participação de 1.200 voluntários. Este total, será dividido em dois grupos, sendo o primeiro da faixa etária entre 18 a 59 anos de idade, e o segundo com 60 anos ou mais. As medidas devem ser executadas nas cidades de Salvador e São Paulo. 

Quais as chances do Ministério da Saúde liberar 3ª dose da vacina da Coronavac?
Quais as chances do Ministério da Saúde liberar 3ª dose da vacina da Coronavac? (Imagem: Edilson Dantas / Agência O Globo)

A partir daí, os pesquisadores se concentrarão em obter os resultados mais precisos possíveis, que devem ser divulgados oficialmente até o mês de novembro. Somente então, será possível identificar se realmente há a necessidade de aplicar a terceira dose da vacina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi comunicada sobre a realização do estudo em parceria com o Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa. Porém, explicou que por se tratar apenas de um estudo científico não requer autorização para tal execução. 

Dados apurados pelo Instituto Butantan apontaram que, aproximadamente, 58 milhões de brasileiros receberam, a primeira e/ou a segunda dose da vacina CoronaVac. Em contrapartida, informou que não deve ter participação no estudo, apenas reforçou que a pesquisa é “válida e de extrema importância”.