- Brasil tem inflação mais alta dos últimos anos;
- Conta de luz se manterá na bandeira vermelha até novembro;
- Carnes e gasolinas sofrem novos reajustes.
Brasileiros pagam mais caro para manter as contas em dia. Nessa quinta-feira (07), o IBGE divulgou o balanço mensal da inflação. De acordo com o levantamento, em junho houve um aumento de 0,53% em comparação com o mês de maio. O principal motivo se deu mediante o encarecimento nas contas de luz, gasolina e carnes.
A pandemia do novo coronavírus também vem deixando fortes impactos econômicos no país. Em pela crise sanitária e política, o Brasil vivencia um frequente aumento em seus indicadores financeiros. Nos últimos 12 meses a inflação aumentou em 8,40%.
O número é o maior registrado desde o ano de 2016, quando a média inflacionaria foi de 8,48%. Atualmente, o indicador ainda se mantém acima do teto da previsão estabelecida pelo Banco Central, onde as tarifas de 2021 deveriam variar entre 2,2% e 5,25%.
Conta de energia mais cara
Analistas econômicos afirmam que um dos motivos para o aumento da inflação nos últimos 30 dias se deu mediante o encarecimento nas contas de energia.
Mediante a afirmativa de crise hídrica, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) passou a aderir a bandeira vermelha, fazendo com que o consumo se tornasse mais caro.
— A energia continuou subindo muito por conta da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que passou a vigorar em junho — explicou o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida, em entrevista ao portal Globo.
É válido ressaltar que não há previsão imediata para baixar o valor das contas de luz. Em julho a previsão é de que o consumo se torne ainda mais caro, tendo em vista a adoção da bandeira vermelha em todo o território nacional.
Segundo as estimativas da Aneel, a tarifa mais cara deverá se manter em funcionamento exclusivo até o mês de novembro. Podendo ser reajustada e prolongada a depender das chuvas e abastecimento nas hidroelétricas.
Tarifas atuais na consumação de energia:
- Verde: Condições favoráveis de geração de energia, por isso, não há acréscimo na conta.
- Amarela: Condições menos favoráveis de geração de energia, por isso, há um acréscimo de R$ 1,50 para cada 100KWh consumido.
- Vermelha 1: Condições desfavoráveis na produção e necessidade de ligação das termoelétricas, por isso, acréscimo de R$ 3,00 para cada 100KWh consumido
- Vermelha 2: Condições desfavoráveis na produção e necessidade de ligação das termoelétricas, por isso, acréscimo de R$ 9,40 para cada 100KWh consumido.
Carnes e gasolina mais caros
Outro produto que vem se tornando cada vez mais caro são as carnes. No último mês o reajuste foi de 1,32%, contabilizando o quinto aumento consecutivo. Nesse segmento também não há previsão de baixa.
A alternativa encontrada pela população temporariamente vem sendo a substituição do alimento para demais insumos com um valor mais baixo, como frangos e ovos. Com o aumento na carne bovina, há também o encarecimento da cesta básica que em algumas regiões vem sendo comercializada por mais de R$ 800.
Já no caso da gasolina o encarecimento vem se mantendo há meses. No último mês o reajuste foi de 0,69%. Há cidades em que o produto já vem sendo vendido por mais que R$ 6 o litro. Diante dos reajustes da energia, carne e combustível, o IPCA variou em 0,17 ponto em junho, ficando com uma média de 0,53%.
— O índice de monitorados mais uma vez ficou acima do IPCA geral. Somente a gasolina já acumula alta de 25,56% no ano e já pesa 5,94% no orçamento das famílias. É o item com maior peso no índice e vai ganhando peso no orçamento das famílias a medida que os preços sobem acima da inflação geral — explica o analista da pesquisa.
Decisões do governo agravam o cenário
O IBGE relata ainda que o motivo pelo qual o preço monitorados estão em alta também tem conexão com os contratos e tomadas de decisão do governo federal.
O avanço na privatização da Eletrobras, na última semana, é um exemplo dos impactos no mercado econômico.
— Quando a gente fala em pressão de demanda, normalmente a gente olha para a inflação de serviços. Mas, no acumulado em 12 meses, serviços está bem abaixo do IPCA geral. Porém, com o avanço da vacinação e uma melhora da pandemia, a tendência é de retomada econômica e a demanda por serviços e outros produtos pode retornar ao cenário normal – avalia André Filipe Guedes Almeida.