- Segunda dose da vacina da Covid-19 está atrasada no Brasil;
- Região Sudeste é a que mais tem negligenciado a conclusão do esquema vacinal contra a doença;
- Especialistas estudam o comprometimento da eficácia da vacina com a falta da segunda dose.
Embora a vacina da Covid-19 continue a ser aplicada por todo o Brasil, há a possibilidade de o esquema vacinal ser comprometido devido à falta de matéria prima para a fabricação do imunizante.
A falta de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) importado diretamente da China, é o composto principal utilizado na produção da vacina da Covid-19. A previsão era para que o Brasil recebesse um lote com cerca de 10 mil litros de IFA até o fim desta semana, o que não irá acontecer.
A falta do insumo resultou na suspensão da fabricação da Coronavac produzida pelo Instituto Butantan, bem como da vacina de Oxford produzida pelo Instituto Fiocruz.
O acontecimento é resultado da divergência no posicionamento político entre ambos os governos, especialmente após ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro contra o governo chinês.
A falta do IFA irá afetar a campanha de vacinação contra a Covid-19 em território brasileiro, reduzindo a imunização pela metade. A aplicação da vacina da Covid-19 se manterá em ritmo lento até meados do mês de setembro de 2021.
De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 1,5 milhão de brasileiros ainda não receberam a segunda dose da vacina da Covid-19.
O que explica a falha na 2ª dose da vacina
A negligência dos cidadãos quanto ao reforço na imunização contra a doença, junto ao atraso na entrega de um novo lote da Coronavac são os principais fatores responsáveis pelo aumento da margem de pessoas com o esquema vacinal completo.
Até então, 4.519.973 brasileiros ainda não receberam a segunda dose da vacina da Covid-19, bem como outros 532.737 que aguardam pela segunda dose da AstraZeneca/Oxford.
Destacando que o primeiro imunizante mencionado requer um intervalo máximo de 28 dias, enquanto a segunda alternativa prevê a conclusão do esquema vacinal em até 12 semanas após a aplicação da primeira dose.
A região Sudeste apresentou o maior número de brasileiros que ainda não receberam a segunda dose da vacina da Covid-19, diante do percentual de 49,5%.
Na sequência vem as regiões Nordeste e Sul com 24,1% e 15,3% respectivamente. Nos últimos lugares estão a região Centro-Oeste com 5,9% e a Norte com 5%.
O levantamento se refere aos dados apurados até o dia 14 de maio, considerando os registros de cidadãos que deveriam ter recebido a segunda dose do imunizante até o dia 8 de maio.
Também foram observados registros de um mesmo paciente que recebeu três doses ou mais da vacina da Covid-19, o que indica uma falha no sistema.
No geral, 4,5 milhões de brasileiros estão sendo prejudicados pelo atraso na aplicação da segunda dose da Coronavac. Deste total, 1,7 milhão tem aguardado pela conclusão do esquema vacinal há, pelo menos, 20 dias. Enquanto isso, 379,2 mil permanecem esperando por mais de dois meses.
Mesmo que o Ministério da Saúde com a ajuda de especialistas tenham informado que os imunizantes contra a doença tenham eficácia para permitir um atraso de apenas poucos dias, há inexistência de estudos capazes de apresentar um prazo exato de um atraso tolerável gera dúvidas tanto nos profissionais da saúde quanto no restante da população.
Em contrapartida, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, declarou que este atraso resulta no risco iminente da perda da eficácia, ainda que não tenha sido comprovada. “A vacina só vai atingir a eficácia desejada após a segunda dose. Enquanto isso, a pessoa fica por mais tempo suscetível à infecção”, reforçou.
O atraso na aplicação da segunda dose da vacina da Covid-19 é ainda mais grave se tratando da Coronavac, a qual tem a eficácia reduzida se ambas as doses não forem recebidas pelo cidadão.
Isso porque, a taxa de proteção da primeira dose do imunizante é inferior a 50%. No entanto, este percentual é elevado para a margem de 62,3% duas semanas após a conclusão do esquema vacinal dentro do período máximo de 28 dias de intervalo.
Por outro lado, a AstraZeneca/Oxford garante cerca de 76% de proteção após o 22º dia da aplicação da primeira dose do imunizante. Contudo, os anticorpos ficam fragilizados 90 dias após a primeira etapa do esquema vacinal, evidenciando a necessidade de reforço da imunização.