- Brasil atrasa cronograma de vacinação por falta de medicamento;
- Nove estados tem aplicação da segunda dose suspensa;
- Ampliação no grupo do grupo prioritário é confirmada pelo governo.
Falta de distribuição da coronavac faz com que aplicação da segunda dose fique suspensa em diversos estados. Na última semana, a campanha de vacinação contra o novo coronavírus passou a ficar instável em algumas capitais. Sem medicamento o suficiente, as secretarias de saúde passaram a atrasar seus cronogramas. Acompanhe.
Registrando mais de 400 mil mortes pela covid-19, o Brasil tem se mostrado um dos países mais afetados nesta pandemia.
Sua campanha de vacinação, iniciada no mês de março, atualmente prioriza pessoas acima dos 60 anos e demais sujeitos com comorbidades. No entanto, devido a falta de vacina as aplicações foram atrasadas.
Estados com o cronograma alternado
De acordo com o último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, nove capitais brasileiras pararam de aplicar a coronavac. Considerada a principal vacina na linha de combate à pandemia, teve sua produção paralisada por falta de insumos.
Desse modo, as cidades de Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO) e Recife (PE) ficaram sem medicamentos.
Em Belo Horizonte, por exemplo, a prefeitura vem orientando os idosos entre 64 e 67 anos a esperarem a chegada de novas doses. Mesmo estando em sua vez na fila de prioridade, o grupo terá que aguardar por mais algumas semanas. A secretaria municipal de saúde alegou que seguiu a recomendação do governo federal e “não guardou as segundas doses do imunizante para esse público”.
Já na capital carioca, o atraso para a aplicação da segunda dose deverá se manter pelos próximos 10 dias. Segundo a gestão municipal, nesse período espera-se que um novo lote da coronavac seja entregue para assim retomar o cronograma de vacinação.
De acordo com a apuração da Folha de S. Paulo, mais sete capitais passaram a dar indícios de atraso. Boa Vista, Curitiba, João Pessoa, Macapá, Maceió, Natal e Salvador permanecem aplicando a coronavac, porém estão com o estoque em baixa.
Críticas ao ministério da saúde aumentam
Na grande maioria das cidades, os gestores alegam que o problema relacionado a falta de vacina não diz respeito a desorganização local, mas sim inconstância nas orientações ofertadas pelo governo federal. Muitos alegam que o ministério da saúde recomendou que não fossem estocados os medicamentos para a segunda dose.
No entanto, ao mesmo tempo, não pode manter o fornecimento e reabastecimento para garantir a conclusão da imunização dos brasileiros. Ainda no mês de fevereiro, Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, tinha recomendando guardar as vacinas, porém sob uma nova gestão a orientação foi reformulada.
Durante o mês de março, a pasta da Saúde passou a liberar a utilização das vacinas armazenadas em todas as cidades. O que seria destinado a segunda dose foi utilizado como primeira dose para ampliar o número de pessoas no grupo prioritário, fazendo com que zerasse o medicamento.
Atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, alegou que a culpa de tal situação foi de seu antecessor, informando que o atraso “decorre da aplicação da segunda dose como primeira dose”, disse ele ao UOL. “Logo que houver a entrega da CoronaVac, [o problema] será solucionado”, concluiu.
População deve tomar medicamento em atraso
Pressionado, Queiroga emitiu um novo comunicado recomendando que a população tome a segunda dose mesmo que a aplicação ocorra fora do prazo. De acordo com ele, não haverá inviabilização da primeira injeção.
Porém, é válido ressaltar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) solicita que a aplicação ocorra dentro do período estipulado para cada variante da vacina. Na Coronavac o intervalo é de quatro semanas. Já a AstraZeneca/Fiocruz tem a segunda dosagem após 12 semanas.
Até o momento não há previsão de retorno na distribuição da Coronavac, estando o presidente Jair Bolsonaro sem se pronunciar sobre o atraso.
Ampliação do grupo prioritário
Enquanto não tem medicamento para concluir a imunização de quem já está nas filas, o governo acaba de aumentar o número de pessoas no grupo prioritário. Na última semana, mulheres grávidas e pessoas com comorbidades tiveram autorização para se vacinar.