Anvisa deverá responder judicialmente sobre recusa da Sputnik V no Brasil. Na última semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária negou a utilização da vacina russa nos brasileiros. Diante disso, seus criadores afirmaram que irão recorrer à justiça, alegando difamação quanto a eficácia do remédio.
A campanha de vacinação contra o novo coronavírus tem sido pauta principal ao redor do mundo. No Brasil, com atrasos na fabricação da Coronavac, a Anvisa passou a avaliar outros tipos de medicamento para que as filas de imunização não ficassem congeladas. No entanto, a adoção da vacina russa Sputnik V foi recusada.
Motivações para a decisão da Anvisa
De acordo com o órgão, o medicamento não foi aprovado tendo em vista a ausência de provas necessárias para validar sua eficácia. Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, informou que faltaram dados técnicos para verificar se o imunizante é de fato seguro.
“Jamais permitiremos, sem que existam as devidas provas necessárias, que milhões de brasileiros sejam expostos a produtos sem a devida comprovação de sua qualidade, segurança e eficácia ou, no mínimo, em face da grave situação que atravessamos, uma relação favorável risco-beneficio”.
De acordo com a revista científica “The Lancet”, a Sputnik V teria uma eficácia de 91,6%, porém os técnicos nacionais explicaram que tais números não foram comprovados em seus relatórios.
“Uma avaliação sanitária é diferente da que é feita por uma revista científica. Uma revista científica não tem por objetivo recomendar ou não o uso de uma vacina, nem tem o compromisso de verificar boas práticas clínicas ou tem como pressuposto o acesso a todos os dados brutos e laudos”, explicou Gustavo Mendes, técnico da Anvisa.
Cenário político é questionado
Após tomarem ciência da recusa, os russos afirmaram que a Anvisa estaria agindo por interesse político. A declaração foi feita nas redes sociais oficiais da vacina, alegando que o Brasil ficará em atraso por se concentrar em disputas de poder.
“Os atrasos da Anvisa na aprovação do Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência. O Departamento de Saúde dos Estados Unidos, em seu relatório anual de 2020 há vários meses declarou publicamente que o adido de saúde dos Estados Unidos ‘persuadiu o Brasil a rejeitar a vacina russa COVID-19’”, informou o texto.