Dados da pandemia do novo coronavírus no Brasil já apontam para um aumento nas contaminações durante o mês de novembro. A tendência de alta sinaliza uma segunda onda de casos do COVID-19 ou um repique da primeira, assim como o observado na Europa e EUA.
Sinais da chegada de uma segunda onda de casos
Sem uma mobilização nacional que pudesse responder à altura, as infecções viam baixando lentamente desde agosto.
Contudo, os dados de novembro começaram a indicar uma inversão nessa tendência. As últimas atualizações mostram uma nova escalada dos números de casos, internações e mortes.
A média móvel de 7 dias subiu de 16 mil novos casos por dia para 30 mil. Isso em um intervalo do dia 07 ao 17 de novembro.
Um aumento tão repentino de casos não era visto desde maio. Mesmo assim, é preciso lembrar que atrasos nos registros de novembro também podem ter colaborado com o salto.
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Outro indicador utilizado pelos especialistas é a taxa de transmissão (Rt). Esse índice estima a evolução da doença. Uma taxa Rt menor que 1 indica viés de queda, maior que 1 aponta para uma alta nos casos.
Na última segunda-feira (16), a taxa já era de 1,12 no Brasil. O indicador também estava acima de 1 em 20 estado brasileiros.
Retomada atual da economia pode ser minada?
Mesmo com a chegada de uma segunda onda nos EUA e Europa, a recuperação econômica parece não ter sido freada. O ritmo de aceleração é que parece ter diminuído.
Em lugares onde as medidas restritivas retornaram, as empresas e consumidores já sabiam o que esperar. Um cenário bem diferente do 1º semestre de 2020 quando o mercado ainda não tinha ideia de como avaliar os novos riscos.
A euforia em torno da eficácia das vacinas e a resolução das eleições americanas, ajudaram a construir uma semana positiva para o mercado brasileiro e mundial.
O que não significa que os brasileiros estão de fato vivendo melhor. É difícil prever como os pequenos negócios e o mercado de trabalho serão impactados por uma extensão da quarentena causada pelo COVID-19.
Diferenças entre o início da pandemia e a nova onda de casos
Embora a doença seja a mesma, existem diferenças na maneira como a doença se espalhou nos países que tiveram uma segunda onda de casos.
O relaxamento do isolamento social no verão europeu fez com que os jovens concentrassem os novos casos.
Os focos de contágio também podem divergir do que vimos no início do ano. Com uma mudança dos grandes centros para áreas periféricas.
Nos EUA, podemos ver o exemplo de estados como o de Michigan. A região que foi menos atingida na primeira onda, apresenta mais casos no período mais recente.
Impactos econômicos da 2ª onda no Brasil
Os países que tiveram casos da COVID-19 antes do Brasil podem ser uma valiosa fonte de dados e estimativas.
Se usarmos essa vantagem a nosso favor, teremos ao menos uma ideia do que devemos esperar e possível ações.
Uma 2ª onda no Brasil poderia, com bases no que vimos, atingir com mais força as regiões afastadas e a população jovem.
O setor de consumo, vendas do varejo e produção industrial brasileira podem ser menos afetados desta vez. Tomando a economia americana atual como exemplo.
As políticas de transferência de renda e incentivo à pequenas e microempresas continuam essenciais. Com o agravante de não termos fechado as contas do próximo ano ainda.
O momento pode ser a chance de aprimorarmos o combate à transmissão do vírus, como não fizemos até o momento. Investindo principalmente na testagem e rastreamento dos casos como países fizeram.
A interferência política e ideológica quanto ao uso de máscaras e respeito ao isolamento também foram um problema nos EUA. Se quisermos um cenário mais favorável, precisamos combater todo tipo de desinformação com os fatos.
O desgaste e relaxamento do isolamento social são claros após meses de quarentena. Mas é preciso lembrar que foi esse sentimento que trouxe a nova onda de casos a outros países e ainda podemos evitar isso no Brasil.
Durante o ano, vimos que várias ações de combate à pandemia não vieram do Governo Federal, mas de governadores e prefeitos.
Com o resultado das eleições municipais podemos sim esperar novas posturas dos governos locais. O que será de extrema importância nas regiões afastadas dos grandes centros.
Mesmo com a chegada de uma segunda onda, ainda há chances de vermos uma reação melhor do mercado e sociedade brasileira.
Tudo depende se vamos aproveitar o atraso em relação aos outros países e aplicar o que tem dado resultado.
Além de abandonar a postura negacionista que aprofundou ainda mais a crise no Brasil. Afinal, as eleições deixaram claro que não é esse caminho que o povo brasileiro quer seguir.