Os impactos da pandemia no mercado de trabalho fizeram com que a disparidade na taxa de desemprego entre brancos e negros aumentasse, atingindo o maior nível desde 2012. Segundo especialistas, o desemprego atingiu, principalmente, os setores em que há maior participação de negros.
De acordo com especialistas os setores que mais tiveram aumento na taxa de desemprego foram o comércio e construção civil.
Esses dois setores possuem maior participação de servidores negros, por esse motivo, houve o aumento na diferença da taxa de desemprego entre a população branca e negra no Brasil.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no segundo trimestre de 2020, a taxa de desemprego ficou em 13,3%, com a seguinte divisado por cor da pele: pretos (17,8%), pardos (15,4%) e brancos (10,4%).
Ainda, de acordo com pesquisa realizada pelo IBGE, o desemprego entre os negros foi o que mais subiu em comparação ao primeiro trimestre de 2020, sendo de 2,6 pontos percentuais.
Já a taxa para os pardos subiu 1,4 e entre os brancos 0,6, conforme os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua.
Com esses resultados, a diferença entre a taxa de desemprego entre brancos e negros está em 71,2%, sendo a mais alta desde 2012 quando o IBGE começou a realizar a Pnad Contínua. No primeiro trimestre de 2012 essa taxa era de 45,2%.
O economista do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Mário Rogério Silva, afirma que “Os setores onde está tendo a maior quantidade de perda de vagas, maior aumento de desemprego, são setores onde majoritariamente estão os negros. São setores com os piores salários. O comércio é um setor que não paga bem, e onde a maioria são negros”.
Todos os setores foram impactados pela pandemia de Covid-19, porém há setores que sofreram mais e tiveram um maior índice de demissões. Veja a baixo os setores que tiveram maior perda de trabalhadores o segundo trimestre de 2020, de acordo com os dados do Instituto:
- Comércio: menos 2,1 milhões (-12,3%);
- Alojamento e alimentação: menos 1,3 milhão (-25,2%);
- Serviços domésticos: menos 1,3 milhão (-21,1%);
- Construção: menos 1,1 milhão (-16,6%).
A participação dos negros no setor da construção é de 50,2%, contra 37,4% de brancos, de acordo com dados do Ceert com base na Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2018, do IBGE.