O diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, afirmou que a tendência é que a digitalização dos meios de pagamento, como o Pix, o sistema de pagamentos e transferências instantâneos, deverá substituir de forma gradual a emissão de papel moeda, que custa caro aos brasileiros.
“O Banco Central não vai se furtar a ofertar numerário quando há demanda, como na pandemia”, disse ele.
Mello participa do webinar “Novo Ambiente Regulatório para Fintechs no Brasil: Oportunidades e Desafios”, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O diretor disse que o BC tenta estimular o mercado privado a “aparecer com uma solução” para fazer a digitalização de pagamentos, como o Pix, por cinco a seis anos, porém que acabou cabendo ao Banco Central disponibilizar o ambiente para isso.
“O Pix é tão seguro quanto outros meios de pagamento, possivelmente mais”, afirmou.
Especialistas acreditam que o Pix é mais um passo para fim do dinheiro físico
Segundo especialistas entrevistados pela InfoMoney, o cadastramento de usuários no Pix foi o primeiro passo para o processo de substituição da moeda em espécie pelo real digital a ser feito.
Para eles, o Brasil precisa acompanhar a “tendência mundial” de lançamento de CBDC (moedas digitais emitidas por bancos centrais).
Este assunto está nas pautas para ser discutido do BC brasileiro, de acordo com a declaração do mês passado de Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, a previsão da circulação do real digital é para 2022, coexistindo com a versão física do real.
Cenário internacional em relação à versão digital das moedas
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse que virá a público em breve anunciar se haverá a adesão da versão digital do Euro.
“Como muitos outros bancos centrais em todo o mundo, estamos explorando os benefícios, riscos e desafios operacionais de fazê-lo”, disse.
O Banco Central chinês já realiza algumas experimentações com a versão digital da moeda do país em certas regiões, e as outras autoridades monetárias do mundo seguem para este caminho também.
Com a digitalização de várias áreas, incluindo o mundo financeiro, o uso da moeda em espécie tende a cair em desuso, afirma João Marco Cunha, gestor de portfólios da Hashdex. A adesão de uma moeda digital por parte dos governos traria muitos benefícios, como uma maior rastreabilidade dos recursos.