Bolsa Família tem NOVA redução de beneficiários esse mês: O que explica isso?

SALESóPOLIS, SP — O programa Bolsa Família — a principal política federal de transferência de renda direta no Brasil — registrou nova queda no número de famílias beneficiárias entre outubro e novembro de 2025.

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Bolsa Família tem NOVA redução de beneficiários esse mês: O que explica isso?
(Foto: I.A/Sora)

A seguir, explicamos o que está por trás dessa redução no total de beneficiários do Bolsa Família, e quais fatores mais pesam para que uma família deixe de receber o benefício.

O que dizem os números do Bolsa Família

  • De acordo com relatório do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em outubro de 2025 o PBF atendeu cerca de 18,91 milhões de famílias
  • Em novembro de 2025, segundo nota oficial, aproximadamente 18,65 milhões de famílias começam a receber o benefício. 
  • Ou seja: há uma redução — ainda que modesta — no universo de famílias beneficiárias de um mês para o outro.
  • O próprio governo reconhece que “o número de famílias atendidas pelo Bolsa Família vem diminuindo mês a mês”. 

Portanto, embora o benefício continue alcançando milhões de famílias, a tendência recente é de queda.

Quais são os principais fatores da queda do Bolsa Família?

1. Revisão cadastral e qualificação dos dados

Uma das explicações centrais é o processo de verificação e atualização cadastral do Cadastro Único. No relatório de outubro, o MDS informa que:

  • Cerca de 1,48 milhão de famílias entre as 18,91 milhões de beneficiárias estavam com “interrupção temporária” (bloqueio, suspensão ou cancelamento) em outubro.
  • Destas, cerca de 1,116 milhão tiveram seus pagamentos bloqueados por conta da “Revisão Cadastral” de 2025. 
  • Também consta a figura da “Averiguação Cadastral”, ou seja: cruzamento de dados para identificar inconsistências. 

Em resumo: famílias cujos cadastros estão desatualizados ou com inconsistências têm risco maior de perder o benefício.

2. Descumprimento de condicionalidades

O Bolsa Família está condicionado — ou seja, para manter o benefício é preciso cumprir certas exigências. Entre as mais conhecidas:

  • A frequência escolar mínima das crianças beneficiárias. (Exemplo: aluno matriculado, frequência registrada). 
  • A vacinação infantil e acompanhamento de saúde de crianças e gestantes.
  • O programa monitora essas condicionalidades e pode aplicar bloqueio ou cancelamento se houver descumprimento. 

3. Saída automática por aumento de renda (ou “Fim da Regra de Proteção”)

Outra causa importante: quando a renda da família melhora significativamente, ela deixa de se encaixar nos critérios de elegibilidade do programa. Por exemplo:

  • O limite de renda para ingresso no PBF está em torno de R$ 218,00 por pessoa (para algumas modalidades do programa). 
  • Existe uma “Regra de Proteção” que permite que famílias que ultrapassaram esse limite recentemente continuem a receber parcialmente por até 12 meses (recebendo 50% do valor) se a renda por pessoa não ultrapassar R$ 706,00
  • Quando a renda ultrapassa o teto ou há mudança de perfil da família, o benefício pode ser cancelado ou a família deixa de ser elegível.

4. Fiscalização e cruzamento de dados

Com o avanço de sistemas de dados e integração entre bases — por exemplo, trabalho formal, cadastro único, etc. — o governo tem conseguido identificar famílias que não mais se enquadram ou que tinham cadastros com irregularidades. Por exemplo:

  • O artigo menciona que parte da queda se deve à “eliminação de cadastros irregulares”. 
  • Ou seja: famílias que não atualizam dados, ou que têm inconsistências, acabam perdendo o benefício.

O que isso significa “na prática”?

Para quem está inscrito ou para as famílias que dependem desse benefício, alguns pontos merecem atenção:

  • Manter o cadastro atualizado no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) — sempre que mudarem rendimento, número de membros ou endereço.
  • Obedecer às condicionalidades: frequência escolar, vacinação, saúde preventiva.
  • Ficar atento ao fato de que uma melhora na renda (por exemplo, por emprego formal) pode levar à saída do programa, mas nesse caso pode entrar na regra de transição (Regra de Proteção) se preenchidos os requisitos.
  • Os gestores municipais têm papel importante: pois o cadastro, averiguação e convocação para atualização dependem também da rede local de assistência social.

Por que esse movimento de queda no Bolsa Família pode ser visto como “positivo” ou “neutro”?

Embora à primeira vista a queda de beneficiários no Bolsa Família possa gerar preocupação — será que o programa está diminuindo? — há aspectos que ajudam a entender que nem sempre isso significa piora do acesso:

  • Se a renda da família melhora e ela deixa de ser elegível — isto pode significar que a família conseguiu algum avanço econômico. Neste caso, a saída do programa é consequência de mudança de situação.
  • A qualificação cadastral e fiscalização ajudam a tornar o programa mais eficiente, reduzindo pagamentos indevidos ou para famílias que não mais se enquadram.
  • O governo divulgou que em novembro o benefício médio por domicílio é de R$ 683,28, com investimento de R$ 12,69 bilhões. 

❗ Importante lembrar

  • A redução no número de beneficiários não significa necessariamente que o programa está “acabando” ou sendo abandonado — mas mostra um processo de ajuste, revisão e mudança no perfil das famílias cadastradas.
  • Qualquer família com dúvidas sobre sua elegibilidade, situação cadastral ou condicionalidades deve buscar o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) ou o órgão municipal responsável para orientação.
  • Mesmo as famílias que “saem” do programa por terem melhorado de renda podem, futuramente, voltar se a situação econômica se alterar — mas também precisam estar no CadÚnico ou se recadastrar.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com